Castro e a Igreja Católica: da perseguição ao louvor

O líder da revolução cubana nasceu católico, foi baptizado e educado no colégio dos jesuítas, mas após conquistar o poder perseguiu a Igreja Católica.

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Fidel Castro com Francisco
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Fidel Castro com Bento XVI
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Fidel Castro com João Paulo II

Quando nasceu, Fidel foi baptizado segundo a tradição da Igreja Católica, anos mais tarde foi educado pelos jesuítas, mas depois de conquistar o poder em Cuba, em 1959, el Comandante perseguiu a Igreja e cortou laços com o Vaticano. Apesar das suas contradições, Castro acreditava que era possível ser uma espécie de cristão, apesar de permanecer fiel à causa do socialismo revolucionário.

"Se as pessoas me chamam de cristão, não do ponto de vista da religião, mas do ponto de vista social, declaro que sou cristão", disse ele em 2006, pouco antes da doença o forçar a entregar o poder ao seu irmão Raul.

Essa mudança de tom foi sublinhada este sábado pelo Papa Francisco – que se encontrou com Castro em Cuba no ano passado –, quando disse que a sua morte era uma "triste notícia" e que estava de luto e orando pelo repouso do antigo combatente.

Nos seus primeiros anos no poder, Castro viu a Igreja como um inimigo. Irritado pela sua denúncia do comunismo, nacionalizou as escolas católicas, ameaçou publicações da Igreja e expulsou muitos sacerdotes. Cerca de 130 foram enfiados num cargueiro, numa noite em 1961, e enviados para Espanha.

Com a dissolução da União Soviética, em 1991, o que privou Cuba do seu principal financiador, e diante da crise económica, Castro tornou-se menos rígido em relação à religião e viu no Vaticano um parceiro diplomático. Então, o Partido Comunista cubano deixou de proibir a existência de crentes nas suas fileiras. 

Anos mais tarde, em 1998, o Papa João Paulo II visitou Cuba e a partir de então o Natal voltou a ser celebrado e passou a ser feriado nacional. Em Cuba, o João Paulo II fez um apelo a Castro, que em todas as cerimónias religiosas se sentou na primeira fila: "Deixa Cuba abrir-se ai mundo e o mundo abrir-se-á a Cuba". Então, o líder da Igreja Católica pediu o fim do embargo comercial pelos EUA.

Esta visita do Papa polaco galvanizou a Igreja local, dando-lhe mais coragem para enfrentar o governo comunista, pressionando-o a libertar prisioneiros políticos e denunciando abusos dos direitos humanos. Com a mudança do poder das mãos de Fidel para as do seu irmão Raul, a Igreja Católica cubana apoiou os seus esforços para reformar a economia. E a eleição de Francisco, em 2013, um Papa oriundo da América Latina, ainda estreitou mais os laços entre Cuba e o Vaticano.

Recorde-se que o discurso de Francisco vai no sentido da defesa da justiça social e que, em Maio de 2015, Raul Castro parou em Roma para agradecer ao Sumo Pontífice pelo seu papel diplomático junto dos EUA. Então, Raul confessou que apesar de comunista, poderia retornar à Igreja. Ainda não o fez, embora tenha assistido às celebrações papais durante a viagem do Papa a Cuba, em Setembro de 2016.

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