Berlusconi mandou colocar pénis e braços em esculturas com 2000 anos

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A escultura, antes e depois do restauro Remo Casilli/REUTERS

Numa altura em que a crise obrigou a um corte de 46 por cento nos fundos para cuidar do património artístico italiano, por expressa vontade do primeiro-ministro Sílvio Berlusconi foram gasto 70 mil euros para um polémico restauro: colocar um pénis e braços num conjunto escultórico com quase 2000 anos.

O caso foi reportado pelo jornal “La Repubblica” como um escândalo, meio-notícia, meio comentário, numa altura em que os ânimos estão exaltados por causa da queda de um edifício na cidade património mundial de Pompeia e dos cortes nas verbas para o património cultural. “A obra foi colocada frente a um fundo azul muito kitch, como desejado pelo arquitecto do primeiro-ministro, Mario Catalano”, escreve o diário.

Em causa está a escultura que retrata o imperador Marco Aurélio (que governou entre 161 e 180 d.C.) e a sua mulher Faustina, representados como os deuses do Olimpo Marte e Vénus. A estátua em mármore data de 175 d.C. e foi encontrada na cidade de Ostia, próxima de Roma, em 1918. Foi recentemente transferida para a sede do Governo, o Palazzo Chigi.

Acontece que, “por pedido expresso do presidente do Conselho [Berlusconi] e insistentes pressões do seu arquitecto Mário Catalano, o ministro dos Bens Culturais levou a cabo uma operação de ‘compensação’ das partes que faltavam à escultura clássica”, diz o “La Repubblica”.

“Por que é que na China as esculturas parecem novas enquanto às nossas faltam braços e cabeças? Completem aquela estátua” terá dito o primeiro-ministro ao seu arquitecto, após ter visto chegar ao Palazzo Chigi esta estátua, juntamente com outras que estavam no Museu das Termas de Diocleciano em Roma. E, de facto, diz o “Repubblica", este conjunto escultórico foi exibido ao primeiro-ministro Wen Jiabao, a 7 de Outubro, como se o tempo não tivesse passado pelo mármore de que é feito.

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