Os ultraconservadores iranianos conseguiram manter o controlo da Assembleia de Peritos, que escolhe o Supremo Líder, com a eleição, esta terça-feira, do ayatollah Ahmad Janati, 89 anos, para a sua chefia.

Janati sucede a outro radical e a sua eleição é considerada um obstáculo no caminho dos reformadores e moderados que esperavam um resultado diferente, sobretudo depois de a coligação que formaram para as eleições de Fevereiro ter conseguido bloquear dois dos três ultraconservadores candidatos a um lugar na Assembleia. O antigo líder do Conselho dos Guardiões, o mais poderoso dos organismo da hierarquia islâmica, por pouco não foi excluído, tendo sido eleito em último lugar pelo círculo de Teerão, numa votação em que o ex-Presidente Akbar Hachemi Rafsandjani e o actual ocupante do cargo, Hassan Rohani, ocuparam os primeiros lugares.

Mas a ala mais dura do regime, que sofreu um pesada derrota nas legislativas que se realizaram em simultâneo, voltou a mostrar que continua a dominar o aparelho. Na votação desta terça-feira, Janati conseguiu 51 votos em 85 eleitores. Outros dois conservadores, que ficaram em segundo e terceiro lugar, foram eleitos vice-presidentes: Mohammad Ali Movahedi Kermani (21 votos) e Mahmoud Hachemi Chahrudi (13 votos).

Composta exclusivamente por juristas e teólogos, eleitos para mandatos de oito anos, a Assembleia de Peritos é o organismo encarregado de nomear, supervisionar e demitir (caso seja necessário), o Supremo Líder do Irão, aquele de quem emana toda a autoridade, um lugar actualmente ocupado pelo ayatollah Ali Khamenei. Reúne-se apenas duas vezes por ano, mas o equilíbrio de forças que ali impera torna-se mais importante perante a possibilidade de ser chamado a eleger um sucessor de Khamenei – o líder máximo tem 77 anos e vários problemas de saúde.

A eleição de Janati acontece uma semana antes da eleição do presidente do Parlamento, onde os reformistas aumentaram significativamente a sua presença, sem conseguirem garantir uma maioria clara. Segundo a imprensa, Ali Larijani, um conservador pragmático que tem mantido uma relação próxima com Rouhani, deverá ser reconduzido no cargo, ao qual é também candidato Mohammad Reza Aref, principal rosto dos reformistas.