Utentes ameaçam cortar circulação na linha do Douro

Electrificação da via férrea no troço Caíde–Marco volta a atrasar-se, porque será necessário fazer mais obras no túnel.

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Luís Pó/Arquivo

Os passageiros da linha do Douro, da zona de Marco de Canaveses, ameaçam cortar a circulação e boicotar as próximas autárquicas se o Governo não explicar o atraso nas obras de electrificação da via férrea no troço Caíde–Marco, revela a Lusa, citando um comunicado da comissão de utentes.

“O objectivo concreto é saber definitivamente para quando se prevê a data da conclusão das obras”, lê-se no documento.

Esta empreitada, no valor de 6,4 milhões de euros, contempla a modernização de 16 quilómetros de via férrea entre Caíde (no concelho de Lousada) e Marco de Canaveses, que inclui a electrificação e introdução de sinalização electrónica.

A obra foi várias vezes anunciada pelo então presidente da Infra-estruturas de Portugal, António Ramalho, mas foi interrompida pouco tempo depois de iniciada devido, a problemas financeiros do empreiteiro espanhol, o consórcio Isolux-Corsan

Os trabalhos foram reatados, mas o projecto está novamente atrasado. Questionada pelo PÚBLICO em Maio passado, a Infra-estruturas de Portugal respondeu que a modernização deste troço estaria concluída no final de 2017. O PÚBLICO porém, sabe, que este prazo não é possível de cumprir devido a problemas técnicos relacionados com o túnel de Caíde que vão obrigar a mais obra do que a prevista no caderno de encargos.

E o que está em causa? Quando se electrifica uma linha, é necessário instalar a catenária (cabo de alta tensão que fornece a energia eléctrica aos comboios) sobre a via férrea. Dentro dos túneis, isso implica normalmente que se faça o seu rebaixamento, isto é, que o túnel seja aprofundado. Mas no caso do túnel de Caíde (com uma extensão de um quilómetro) o projecto previa inicialmente que se retirasse o balastro (camada de brita sobre a qual assentam os carris) a fim de ganhar altura para colocar a catenária.

A solução parece simples, mas ao retirar o balastro retira-se também a parte elástica que dentro de um túnel absorve as vibrações provocadas pela passagem dos comboios. E se tal acontecer, as vibrações passam para a própria estrutura do túnel, colocando problemas de segurança. Daí que o túnel de Caíde tenha agora de ser rebaixado, o que implica mais obras e uma nova derrapagem no cronograma das obras.

Desta forma, já não será em finais de 2017 que o troço Caíde–Marco estará concluído, o que afecta também a modernização da linha do Douro de Marco de Canaveses à Régua, prevista no plano Ferrovia 2020 para finais de 2019. com Lusa

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