Mosteiro de Santa Clara-a-Velha volta a abrir mês e meio depois das cheias

Trabalhos de recuperação e restauro estimados em meio milhão de euros ainda sem data para arrancar.

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Mosteiro foi inundado duas vezes pelo Mondego já este ano ADRIANO MIRANDA

Depois das duas cheias que inundaram o Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, em Coimbra, em Janeiro e em Fevereiro, o espaço voltou a abrir ao público nesta quinta-feira.

O prejuízo causado pelas águas ascende a um valor entre 500 e 600 mil euros, estima a responsável da Direcção Regional da Cultura do Centro (DRCC), Celeste Amaro, adiantando que os trabalhos de recuperação e restauro ainda não têm data marcada para começar.  O montante agora referido pela responsável mantém-se no intervalo avançado no balanço das cheias de Janeiro. A DRCC vai procurar financiamento comunitário para avançar com a obra, sendo que terá de assegurar 15% da despesa total.

Situado na margem esquerda do Rio Mondego, abaixo do nível da água, o mosteiro foi inundado por duas vezes já em 2016. A primeira, a 11 de Janeiro, com a água a atingir os 5 metros. Depois, a 13 de Fevereiro, com cerca de 3,5 metros. As inundações danificaram os sistemas de abastecimento de gás e electricidade, bem como os três elevadores que servem o espaço e os rebocos e argamassas do velho edifício.

A zona dos claustros também necessitará de intervenção, designadamente no pavimento. No interior do mosteiro, verificou-se também o deslocação de uma escadaria de madeira, que entretanto já foi recolocada no seu lugar.

Parte destes danos já se tinham verificado logo na primeira cheia do ano. A segunda veio apenas “consolidar os estragos, embora tivesse atingido menor altura”, explicou Celeste Amaro aos jornalistas.

Segundo a directora da DRCC, para além da reparação dos sistemas e elevadores, os trabalhos deverão incluir intervenções de construção civil nos muros que protegem o mosteiro, bem como o restauro dos passadiços de acesso. Por avaliar está ainda o estado das fundações do monumento que comemora neste ano sete séculos.

Na sequência das cheias de 11 de Janeiro, Celeste Amaro apontou as “descargas abruptas” da Barragem da Aguieira (concessionada à EDP) como possíveis responsáveis pela inundação do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha . Desde que reabriu ao público, após os grandes trabalhos de conservação e restauração concluídos em 2009, o mosteiro nunca tinha sido invadido pelas águas.

A intervenção então realizada custou 16 milhões de euros, seis dos quais para um sistema de protecção contra as cheias. Um sistema que, sublinhou Celeste Amaro, “sempre funcionou”. Tal como já tinha feito em Fevereiro, a directora da DRCC voltou a falar na necessidade de repensar esta solução, para assegurar que a água não volta a entrar.

 “Tudo tem que ser apurado, visto e conversado”. A responsável é cautelosa na atribuição de responsabilidades e diz que os técnicos da DRCC já tiveram dois encontros com a EDP desde Fevereiro, mas ainda não foi possível chegar a uma conclusão. “Parte do projecto Polis não foi terminado e isso também levará a que muita desta água tenha vindo aqui parar. Todos estes terrenos escoaram para aqui, portanto toda a envolvente terá que ser tratada”, considera, apontando para outra possível causa.  

A coordenadora do Mosteiro, Catarina Leal Cunha, explicou, durante a visita guiada aos jornalistas pelas partes mais afectadas do espaço que ocupa 30 mil metros quadrados, que os espaços e serviços do monumento voltaram a abrir ao público nesta quinta-feira, embora com algumas condicionantes. Uma delas é o acesso para pessoas com mobilidade reduzida, uma vez que os três elevadores permanecem fora de serviço.

Num mês e meio, realçou a coordenadora, foi possível efectuar a limpeza do espaço e reabir o mosteiro, em condições quase normais, apenas com os seus nove trabalhadores. Por agora não será possível realizar certos eventos, como concertos, devido aos problemas no sistema eléctrico e no sistema de som, que “provavelmente também está danificado”.

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