Na Praça do Império, as crianças de Belém vão desfilar como brasões

Este ano, as Marchas Infantis de Lisboa desfilam na Praça do Império. Para Belém, foi o pretexto ideal para falar de um dos símbolos da freguesia: os brasões.

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Rui Gaudencio

Cesse tudo o que a Musa antiga canta, que outro valor mais alto se alevanta. Os adultos já marcharam, a vez agora é das crianças. E não se pense que os versos de Camões vêm a despropósito: as Marchas Infantis de Lisboa desfilam este ano na Praça do Império, em frente ao Mosteiro dos Jerónimos.

A jogar em casa, a freguesia de Belém não deixou que o simbolismo do local passasse despercebido e leva a concurso o tema “Brasõezinhos de Belém”. Na praça onde existem composições vegetais com a forma dos brasões das ex-colónias portuguesas, os 40 pequenos marchantes da Escola Básica Moinhos do Restelo levam letra a condizer. “Belém dos Nossos encantos/Freguesia dos Brasões/Tens o Tejo a palpitar/Monumentos de pasmar/Belém, Terra de Paixões” é a primeira quadra da marcha escrita pela associação de pais daquela escola.

Os brasões vegetais, sabe-se desde 2014, vão desaparecer. A junta de freguesia não concorda com essa pretensão da Câmara Municipal de Lisboa, mas garante que não há aqui motivação política. O tema da marcha “é adequado à circunstância”, diz bem-disposto Fernando Ribeiro Rosa, presidente da junta. “Os pais acharam que podia ter piada por causa de as marchas serem na Praça do Império”, explica o autarca social-democrata. “Nós, junta, apenas acarinhamos a ideia.”

“É algo que está muito presente na freguesia”, explica Ana Valente, da Associação de Pais da Escola Moinhos do Restelo. “Quisemos que a marcha falasse dos brasões, de Belém e dos moinhos”, diz a responsável. E lá estão os versos a comprová-lo: “Nesta nossa Freguesia/Vivemos cheios de Esperança” e “Sopra o Vento dos Moinhos/Nas velas da Liberdade” são duas frases que se poderão ouvir este sábado.

Às 17h, pouco depois do pico da canícula que se adivinha, cerca de 700 marchantes de 14 freguesias de Lisboa sobem aos palcos da Praça do Império para mostrar que não são só os adultos que sabem marchar. “Nós criámos a letra da marcha, a escola tratou da coreografia e da música. Foi uma sinergia boa”, diz Ana Valente, que sublinha ainda outra faceta da iniciativa. Os miúdos “sentem-se orgulhosos por terem os pais a ajudar e a trabalhar todos para o mesmo objectivo”.

Foram semanas duras, mas não desprovidas de animação. “Umas quantas mães ficaram até à uma e tal da manhã a fazer fatos. Penso que está tudo pronto”, ri-se Ana Valente. As 40 crianças, com idades entre os 3 e os 10 anos, entusiasmaram-se. “Ficam um bocadinho cansadas com os ensaios, mas decoraram a música num instante.”

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