A Outra Lisboa dá-se a conhecer em sete “conversas guiadas”

O Senhor Roubado e Odivelas, a Amadora e a Cova da Moura são alguns dos pontos a visitar até 3 de Dezembro, com guias como Helena Roseta e Vítor Matias Ferreira.

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Um passeio à Cova da Moura é um dos convites desta iniciativa DANIEL ROCHA

Se o convidassem para participar numa visita a Alvalade e ao Campo Grande ou ao Rato e às Amoreiras talvez não estranhasse. Mas e se o convidassem para uma “conversa guiada” pelo Senhor Roubado e Odivelas, pela Amadora ou pela Cova da Moura? O projecto Outra Lisboa, que arranca este sábado e tem a ambição de promover “viagens num espaço urbano maior”, oferece todas essas possibilidades. 

A ideia é de Patrícia Robalo, arquitecta e doutoranda na Faculdade de Arquitectura do Porto, que lançou este projecto em 2014, tendo desde então organizado uma série de visitas destinadas a “dar a conhecer novas perspectivas sobre a Lisboa metropolitana”.

Já este ano, o Outra Lisboa foi selecionado como projecto associado da programação da Trienal de Arquitectura, tendo conquistado também o apoio do DINÂMIA’CET – IUL, o Centro de Estudos sobre a Mudança Socioeconómica e o Território do ISCTE. Nesse âmbito, há sete “conversas guiadas” previstas, entre os dias 8 de Outubro e 3 de Dezembro.

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A grande diferença em relação ao passado (além de alterações nos percursos e nos locais a visitar) é que desta vez o guia dessas visitas não será Patrícia Robalo, mas sim Álvaro Domingues (8 de Outubro, Senhor Roubado/Odivelas), Helena Roseta (31 de Outubro, Cova da Moura), Pedro George (5 de Novembro, Cais do Sodré/Almada), Jorge Nunes (12 de Novembro, Rato/Amoreiras/Campolide), Vítor Matias Ferreira (19 de Novembro, Alvalade/Campo Grande), João Cabral (26 de Novembro, Parque das Nações/Moscavide/Olivais Norte) e Demétrio Alves (3 de Dezembro, Amadora).

“O objectivo foi ter investigadores e responsáveis políticos que tivessem um trabalho aprofundado sobre os temas da transformação do território, da metropolização de Lisboa e da alteração do espaço público”, explicou Patrícia Robalo esta sexta-feira, na sessão de lançamento do projecto. A ideia, acrescentou, é que cada um dos sete percursos ofereça, através da personalidade escolhida para o orientar, “um olhar concreto sobre um sítio concreto, sobre uma realidade concreta”.

Ao PÚBLICO, a arquitecta notou que os dinamizadores das diferentes “conversas guiadas” que vão ter lugar têm “formas de abordar os temas muito diferentes”, observando ainda que no caso de Helena Roseta e de Demétrio Alves (respectivamente presidente da Assembleia Municipal de Lisboa e presidente da Comissão Executiva da Área Metropolitana de Lisboa) há também “um trabalho prático” feito a ter em conta.

As visitas têm participação gratuita e a inscrição pode ser feita através do site do projecto Outra Lisboa, no qual vão ser divulgadas ao longo do tempo entrevistas em vídeo aos guias das visitas. Patrícia Robalo acredita que elas poderão interessar “a toda a gente, a um público vasto”, e não só a quem trabalha nas áreas da arquitectura e do urbanismo.

É aliás essa a experiência que tem dos passeios que dinamizou, muitos dos quais se transformaram “em pequenos debates”, em que “o público se envolveu de uma forma muito participativa”. “A ideia é também pôr as pessoas a olhar para os sítios onde passam todos os dias, onde habitam, de uma forma diferente”, diz Patrícia Robalo, reconhecendo que no passado houve quem olhasse com “surpresa” para a possibilidade de se fazer uma visita-guiada a Odivelas.

Quanto ao porquê do nome do projecto, a arquitecta explica que quando escolheu o nome Outra Lisboa “a intenção era um pouco provocatória”. A sua pretensão, detalhou, passava por promover as tais “viagens num espaço urbano maior”, na “Lisboa metropolitana”, “sem divisão entre centros e periferias, sem hierarquias”.

A primeira visita acontece às 10h30 deste sábado e é guiada pelo geógrafo Álvaro Domingues. O “monumento barroco ao senhor roubado”, a estação do Metropolitano de Lisboa de Odivelas, “as primeiras iniciativas de regulação da construção urbana na Quinta da Memória”, “as experiências posteriores resultado de processos de urbanização de iniciativa privada” e “as várias vias de mobilidade” que travessam o concelho são alguns dos pontos desta “conversa guiada”.

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