Richard Hamsik vendeu o carro da família para Marek jogar futebol

O eslovaco da crista é o capitão do Nápoles e está quase a apanhar Maradona na lista dos melhores marcadores

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Hamsik é uma das figuras incontornáveis do Nápoles Reuters/JASON CAIRNDUFF

Quando Marek Hamsik tinha 15 anos, o pai Richard perguntou-lhe se queria mesmo levar a sério o sonho de ser jogador de futebol. “Quando ele disse que sim”, contava Richard Hamsik ao Guardian em Junho passado, “nós sacrificámos tudo”. O “tudo” nesta história foi (em 2002) esvaziar as poupanças, pedir dinheiro emprestado e vender o carro da família (um Skoda Felicia, carro de fabrico checo) para reunir os cinco mil euros necessários para que o clube de Marek, o Jupie Podlavice, o libertasse para o Slovan Bratislava, o maior clube da Eslováquia. Menos de três anos depois, Marek estreava-se na Série A italiana e o resto, como se costuma dizer, é história.

Hamsik entrou no futebol italiano pela porta do Brescia, mas é no Nápoles, onde chegou em 2007, que tem deixado a sua marca, ao ponto de estar perto de chegar ao recorde de golos de Diego Armando Maradona no clube napolitano. Em sete temporadas, “El Pibe” marcou 115 golos, Hamsik, que não é um avançado, vai nos 104 (igualou o uruguaio Edison Cavani nesta lista), ele que está na sua décima temporada no San Paolo. E o médio-ofensivo eslovaco já é o terceiro jogador da história do Nápoles com mais jogos (423), apenas atrás de Giuseppe Bruscolotti (511) e Antonio Juliano (505).

Estes números mostram bem a fidelidade de Hamsik ao Nápoles, que foi vendendo nos últimos anos algumas das suas maiores “estrelas” como Edison Cavani, Ezequiel Lavezzi ou Gonzalo Higuaín. Há muita gente que o quer e até o próprio seleccionador eslovaco sugeriu, durante o Euro 2016, que ele devia mudar-se para um clube com outras ambições, mas o jogador de 29 anos diz que dificilmente irá deixar Nápoles, que considera uma segunda casa, apesar de já lá ter sido assaltado em duas ocasiões. “Sim, posso confirmar que tive muitas propostas. Acho que é bastante claro que, em Itália, só vou jogar no Nápoles e acho que há uma forte possibilidade de acabar aqui a minha carreira”, declarou recentemente o eslovaco, que, no último Verão, prolongou o seu contrato com o clube por mais quatro anos.

Com Hamsik, o Nápoles ainda não atingiu os níveis da era Maradona – foi com o argentino que os napolitanos conquistaram os dois únicos “scudetto” da sua história, em 1987 e 1990 – mas o eslovaco tem contribuído de forma decisiva para fazer regressar a equipa aos lugares de topo da Série A. O pior que o Nápoles fez desde Hamsik chegou foi um 12.º lugar, em 2008-09, e, depois disso, esteve sempre do sexto posto para cima, incluindo dois segundos lugares e dois terceiros, mais duas conquistas da Taça de Itália e uma Supertaça italiana.

Hamsik é o capitão de equipa e um jogador-chave para a formação orientada por Maurizio Sarri. Tem na polivalência uma das suas grandes armas, tanto jogando em posições mais recuadas no meio-campo, como andar pelas alas ou jogar no apoio directo ao avançado, para além da boa veia goleadora que tem demonstrado. A influência do homem da crista no Nápoles é tal que já há outro Hamsik  a chegar ao San Paolo - Raymundo Hamsik, um primo de 18 anos de Marek, já esteve lá à experiência e vai para lá jogar a partir da próxima época. O Skoda em segunda mão que Richard Hamsik vendeu em 2002 já está mais que reembolsado e está a servir, literalmente, para toda a família.

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