Príncipe Di María ofusca Barcelona e rompe trevas

PSG surpreendeu os catalães com uma goleada abrilhantada pela exibição do extremo argentino (4-0).

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Uma noite para recordar LUSA/YOAN VALAT

Duas obras de arte de Di María (18’ e 55’), em dia de aniversário, emolduradas por dois remates impregnados de cicuta – de Draxler (40’) e do também aniversariante Cavani (72’) –, destroçaram o Barcelona (4-0), o infame “carrasco” do PSG e de Unai Emery na Champions, construindo uma vantagem avassaladora e inédita nesta primeira mão dos oitavo-de-final da prova.

O desfecho, a fazer corar de vergonha o tridente MSN e a destruir todas as teses e estatísticas, tem mérito inquestionável e ganha uma dimensão absurda em razão das forças envolvidas na saga entre parisienses e catalães na prova milionária.

Apesar do conforto psicológico de nunca ter sido eliminado nos “oitavos” da Champions – talvez o único pormenor em que o Barcelona partia em desvantagem, marcado pela eliminação com o Liverpool, em 2007 –, o PSG era, à partida para o sétimo duelo com os catalães em apenas cinco anos, uma formação esmagada pelo peso da pressão de uma eliminatória desigual. Mas, na hora da verdade, de dar a vida pela causa parisiense e corrigir uma época cheia de interrogações, Unai Umery respondeu com coragem, impelido por uma conjuntura inesperadamente cruel, a juntar o “patrão” Thiago Silva, lesionado, ao castigado Thiago Motta no lote de indisponíveis.

Um golpe duríssimo que o treinador basco solucionou com a estreia de Kimpembe, reservando providencialmente um lugar no “onze” para Di María, que roubou a cena à dupla de matadores uruguaios (Suárez e Cavani), para não mencionar o mega astro argentino.

De Messi e Suárez nada sobrou. Metidos no torno de Matuidi e Rabiot, um a pressionar a construção enquanto o outro apurava um registo destemido e controlava o oxigénio dos magos de Barcelona, os espanhóis viam o PSG assumir o papel que normalmente lhes é atribuído, controlando e mandando de forma autoritária – a posse de bola rondou os 70% no primeiro quarto de hora. Mas Paris começava a brilhar: Cavani, Draxler, Matuidi e Rabiot só não marcaram devido a algum deslumbramento e precipitação e o golo que levantou o Parque dos Príncipes ficou reservado para Di María, num livre directo.

Os catalães tentavam manter o sangue frio e a honra intacta, mas uma perda de bola de Messi ajudou a cavar a sepultura e a romper as trevas parisienses. Com Verratti a rasgar a defesa e Draxler a dançar à esquerda e à direita, o PSG arrancava para uma goleada histórica enquanto o Barcelona esfregava os olhos, sem perceber o quadro geral, impotente para dar uma resposta.

André Gomes (28’) e Umtiti (84’) tiveram o alvo na mira, mas falharam de forma imperdoável, com Kevin Trapp a frustrar o português e o poste a desesperar o francês do Barcelona. Neymar ainda tentou encontrar a luz que indicasse a saída do pesadelo, mas o PSG cerrou os dentes e foi ao limite, segurando uma vantagem magnífica para a deslocação a Camp Nou, na segunda mão.

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