Pizza, frango frito e troféus

Dois históricos de Budapeste tiveram época com desfechos radicalmente distintos: o Honvéd foi campeão pela primeira vez em 24 anos, o MTK foi despromovido ao segundo escalão.

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A festa do Honvéd, no regresso aos títulos na Hungria DR/Budapest Honvéd FC
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Nos anos dourados, falar do Honvéd de Budapeste ou da selecção húngara era praticamente a mesma coisa. Ferenc Puskás, Sándor Kocsis, József Bozsik, Zoltán Czibor e Gyula Grosics constituíam a coluna vertebral da equipa magiar que, na década de 1950, maravilhava o mundo e, ao mesmo tempo, conquistava títulos no campeonato húngaro. Essa selecção ficou célebre por ser a primeira equipa continental a bater a Inglaterra em solo inglês (venceu por 3-6 em Wembley) e, meses mais tarde, voltaria a vencer os ingleses, dessa vez em Budapeste, por 7-1 – um resultado que continua a ser o mais pesado da história da selecção britânica.

A revolução de 1956 na Hungria desfez essa geração lendária – Puskás foi para Espanha jogar pelo Real Madrid, Kocsis e Czibor rumaram ao Barcelona. E o Honvéd, que era a equipa do exército e estava a caminho do sexto título de campeão nessa década, não só viu o campeonato de 1956 ser abandonado por causa da revolução como a equipa dispersar-se.

Seguiram-se anos duros, pontuados por um regresso ao topo nas décadas de 1980 e 1990, com a conquista de mais oito títulos de campeão. Mas a instabilidade não demorou a reinstalar-se: o clube mudou de nome, retomando o original Kispest Honvéd, o que foi mal recebido pelos adeptos. Sofreu dificuldades financeiras, caiu no segundo escalão do futebol húngaro em 2003-04 e chegou a perder uma acção em tribunal porque pretendia fugir aos impostos contratando jogadores com o equivalente a recibos verdes.

O Honvéd começou a reerguer-se em 2006, quando foi adquirido pelo empresário norte-americano George Hemingway. Filho de mãe húngara e com fortuna feita no imobiliário e restauração (era titular da licença exclusiva para a Hungria das cadeias Pizza Hut e Kentucky Fried Chicken), o empresário foi desafiado por um seu associado, adepto ferrenho do Honvéd, e decidiu avançar. Saneou as contas do clube, que conquistou duas Taças (2007 e 2009), e agora, pela primeira vez em 24 anos, sagrou-se campeão da Hungria.

Hemingway tinha o diagnóstico feito quando assumiu o controlo do Honvéd: “Má organização, maus treinadores, má gestão, diminuição do número de jogadores, hostilidade do Governo, generalizada falta de interesse no futebol por parte da população”, enumerou o empresário, em entrevista ao portal Hungarian Football, quando questionado sobre as razões para a estagnação do futebol húngaro.

O novo dono avançou com 14 milhões de euros para a construção de uma academia que deverá estar pronta em 2018. E tomou decisões importantes, como impedir a entrada de adeptos violentos nos jogos em casa. “Não queremos hooligans, nazis ou racistas no nosso estádio. Precisamos de adeptos fervorosos, mas não queremos criminosos. As assistências vão aumentar se tivermos estádios modernos, ambiente familiar e confortável, e acima de tudo bom futebol”, vincou.

A gestão de Hemingway conseguiu pôr um ponto final a 24 anos de jejum: o primeiro título de campeão desde 1992-93 chegou na última jornada, com o Honvéd a bater o Videoton graças a um golo de Márton Eppel. “A química da nossa equipa é incrível. Merecemos este troféu. Há muito que sonhava com isto”, confessou o avançado, que ajudou o clube a vencer o campeonato pela 14.ª vez.

Mas não foi um dia de felicidade para toda a gente em Budapeste. O MTK, um histórico com 23 títulos de campeão (o mais recente em 2007-08) e finalista vencido na Taça dos Vencedores das Taças em 1963-64, perante o Sporting, viu consumada a queda ao segundo escalão ao ficar-se pelo empate no terreno do Paksi.

* Planisférico é uma rubrica semanal sobre histórias de futebol e campeonatos periféricos. Ouça também o podcast

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