Nápoles-Benfica: o momento de encontrar as diferenças

Duas equipas com muitos pontos de contacto sobem ao relvado do San Paolo para ditar tendências no Grupo B da Liga dos Campeões.

Foto
CARLO HERMANN/AFP

Há semelhanças no discurso, na contabilidade dos embates e na performance até à data no campeonato. Há até alguma paridade no que respeita ao suposto favoritismo no Grupo B, tendo os oitavos-de-final da Liga dos Campeões como próximo objectivo. Hoje, porém, na 2.ª jornada da fase de grupos, é dia de encontrar as diferenças entre Nápoles e Benfica, num Estádio San Paolo em clima de exaltação europeia.

Por estes dias, tem estado acesa a discussão em torno do dono da baliza do Benfica e a presença de Júlio César na conferência de imprensa de antevisão da partida reforça as possibilidades de o antigo guarda-redes do Inter Milão regressar ao “onze” inicial. Ele, que do seu longo passado em Itália, não guarda boas recordações da fortaleza napolitana, deverá ser o último obstáculo para Milik, Callejón, Mertens (ou Insigne) e Hamsik nesta noite.

PÚBLICO -
Aumentar

Rui Vitória sabe bem o que o aguarda, no relvado e nas bancadas. “O Nápoles é um adversário forte, de grande qualidade. Gosto e admiro a sua dinâmica e a grande circulação de bola. É uma equipa versátil no jogo ofensivo, que dificulta muito a vida aos adversários pela forma pressionante como actua. Não me canso de dizer que é uma excelente equipa”, descreve o treinador do Benfica, aparentemente menos preocupado com o contexto do San Paolo. “Estamos habituados a estádios destes. A Luz também tem um ambiente intenso”.

É apenas mais um ponto de contacto entre os dois clubes, que se assumem actualmente como os únicos sem derrotas nos campeonatos italiano e português (o Nápoles é segundo, a um ponto da Juventus, o Benfica é primeiro, com mais um ponto que o Sporting). De resto, este registo foi consolidado na última jornada com recurso a estratégias diferentes: os “encarnados” mais fiéis ao “onze” habitual, os napolitanos mais em regime de poupança.

Será, por isso, interessante perceber até que ponto poderá haver rotação no Benfica (que frente ao Besiktas recuperou Franco Cervi para a titularidade) e até onde irá Maurizio Sarri na “recomposição” da matriz de jogo do Nápoles. Tendo em conta as alterações realizadas frente ao ChievoVerona, é de prever o regresso de Hysaj ao lado direito da defesa e, acima de tudo, da dupla Allan e Jorginho ao meio-campo. No eixo do ataque, o talentoso Arkadiusz Milik (o substituto de Gonzalo Higuaín no mercado de Verão) tem via aberta para render Gabbiadini.

O plantel oferece a Sarri múltiplas soluções — e de enorme qualidade —, mas o treinador italiano quer os jogadores devidamente avisados para a qualidade do adversário. “O Benfica tem uma equipa forte, tem técnica e gosta de ter a bola, mas não é só isso. É muito organizado e chegou a assustar o Bayern [Munique] na época passada. Eles gostam de construir a partir de trás, não vai ser fácil recuperar a bola e forçá-los a cometer erros”, analisou.

É mais uma característica comum entre duas equipas que só se encontraram na edição de 2008-09 da então Taça UEFA, com um triunfo para cada lado na primeira eliminatória e o apuramento do Benfica de Quique Flores, que posteriormente sucumbiria na fase de grupos.

Nesse duplo confronto, marcaram-se sete golos e a rotina goleadora que os dois clubes têm exibido nesta temporada (detêm os melhores ataques da Série A e da Liga portuguesa) concorre para um jogo empolgante, que surge dias depois de Marek Hamsik ter atingido a marca dos 100 golos com a camisola do Nápoles. Um feito ainda mais meritório se tivermos em conta que o eslovaco é um médio ofensivo e que fica apenas a 15 golos do melhor marcador da história do clube, o ícone Diego Maradona.

Para que os desequilíbrios aconteçam, porém, vai ser preciso que uma das equipas não consiga cumprir à risca o planeado e, para resolver o problema de duas formações que cultivam a posse, Maurizio Sarri tem uma sugestão bem humorada: “Talvez possamos levar duas bolas para o relvado”.

Sugerir correcção
Comentar