Mónaco prolonga sobressalto do Borussia na Champions

Num estádio mais unido do que dividido, a equipa de Leonardo Jardim adiantou-se na eliminatória, com Mbappé em alta (2-3).

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Qualquer outra equipa teria sentido um abraço mais caloroso vindo das bancadas depois do sobressalto da véspera, mas no Signal Iduna Park a efervescência dos adeptos alemães é o prato do dia. A novidade desta quarta-feira foi o incentivo dirigido ao Borussia Dortmund a partir da ala dos apoiantes do Mónaco. Mas esse apreciável fair-play e essa comunhão de princípios foram interrompidos durante 90 minutos para se assistir a um jogo empolgante, em que a equipa que mais dominou não foi a que saiu por cima. Dentro de uma semana, no Estádio Louis II, Leonardo Jardim tem um golo de vantagem para gerir (2-3) e assegurar uma vaga nas meias-finais da Champions.

Antes do apito inicial, houve manifestações de agradecimento de muitos dos monegascos a quem os adeptos do Borussia abriram as portas de casa para uma pernoita improvisada. E o sentimento de reconhecimento estendeu-se ao relvado no pé direito de Fabinho, que aos 17’ desperdiçou uma grande penalidade a castigar falta de Sokratis sobre Mbappé. Até ao final, haveria mais um gesto de consideração dos visitantes (assinado por Falcao, depois de contornar o guarda-redes) e, pelo meio, um conjunto de lances capazes de fazer esquecer por instantes a angústia recente.

Em campo, o 3x4x3 de Thomas Tuchel contra o 4x4x2 de Leonardo Jardim. Uma equipa, o Borussia, a comandar com bola; outra, o Mónaco, a apostar num jogo mais especulativo. E o plano dos visitantes resultou em cheio, especialmente no primeiro tempo. Falcao, Mbappé e Bernardo Silva pressionavam com qualidade a saída de bola alemã e cortavam as linhas de passe para Weigl, obrigando o adversário a construir por fora. Com as linhas muito juntas, o espaço para Piszczek (direita) e Schmelzer (esquerda) manobrarem era curto, o que significava que nem Kagawa nem Dembélé conseguiam ser solicitados.

Aos 19’, um contra-ataque magistralmente conduzido por Bernardo Silva gerou um cruzamento para o coração da área, que culminou com um desvio feliz nas pernas de Mbappé. O talentoso avançado estava em posição irregular, mas o lance foi validado e o Mónaco passou para a frente no marcador.

A sorte do jogo, após o tal penálti transformado em cortesia, parecia estar a mudar para o líder da Ligue 1, que chegou ao 0-2 aos 35’, graças a um cruzamento de Raggi (lateral improvisado dada a lesão de Mendy) que Sven Bender só conseguiu emendar... para dentro da própria baliza, para desencanto de Burki.

Para uma equipa que se sente confortável ao ceder a iniciativa para explorar o contragolpe, o cenário era perfeito. Mesmo sem Bakayoko, outra das três baixas de peso que Jardim teve de colmatar (a terceira foi o influente lateral direito Djibril Sidibé), o meio-campo do Mónaco dava conta do recado, com João Moutinho e Fabinho a alternarem na pressão e contenção, e com os alas sempre muito envolvidos no momento da organização defensiva.

Mas a ausência do médio todo-o-terreno que neste ano obteve a primeira internacionalização A pela França far-se-ia notar no segundo tempo. Mérito para Tuchel, que operou ao intervalo uma dupla substituição capaz de agitar as águas. Entraram Sahin (para o miolo) e Pulisic (para a ala direita), recuando Piszczek para terceiro central e Raphael Guerreiro para a ala esquerda. A equipa ganhou outra qualidade na saída de bola, mais critério nas ligações entre linhas e outra capacidade para desequilibrar na direita, graças à sexta velocidade do extremo norte-americano.

Assistiu-se, então, a 45 minutos praticamente de sentido único, já com Kagawa e Dembélé mais interventivos e a romperem pelo meio, forçando o Mónaco a encolher-se e a baixar o bloco. Aos 57’, a muralha cedeu, depois de um toque de calcanhar de Aubameyang, na área, a deixar o médio japonês na cara de Subasic: Dembélé, no sítio certo, empurrou para a baliza deserta.

Pouco depois, Jardim retirava Bernardo Silva de um palco onde fora dos protagonistas mais convincentes para apostar na maior verticalidade e poder de explosão de Nabil Dirar. Até porque já não restavam dúvidas sobre a capacidade de os visitantes materializarem os (escassos) erros do adversário. E foi justamente assim, numa falha individual (e improvável a este nível) de Piszczek, que Mbappé provou que a qualidade não tem idade. Aos 18 anos, interceptou a bola e acelerou com classe para uma finalização desarmante (79’).

Sem nada a perder, o Borussia intensificou a pressão, explorando a largura e a menor compatibilidade entre Raggi e o lado esquerdo da defesa. Foi por aí que forçou e foi por aí que chegou ao 2-3, ainda que os louros tenham de ser colocados na cabeça de Kagawa: entre três adversários, e com dois palmos de terreno para controlar já dentro da área, inventou um remate (84’) que, ainda assim, não foi suficiente para evitar a derrota.

As cartas voltam agora para o baralho para serem redistribuídas dentro de sete dias, na segunda mão dos quartos-de-final, idealmente à hora e no local inicialmente previstos. Será bom sinal. Será um sinal de que se falará apenas de futebol.     

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