Duelo uruguaio em Paris com Messi a assombrar Unai Emery

Paris fervilha com o desfile de astros na passerelle da Champions, evocando os mais recentes confrontos entre PSG e Barcelona.

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Neymar, Suárez e Messi durante o treino de ontem, no Parque dos Príncipes BENOIT TESSIER/REUTERS

O rendez-vous entre PSG e Barcelona, talvez para comemorar a sétima partida entre os dois nos últimos cinco anos, não podia ter melhor patrono, em pleno Dia de S. Valentim, embora não sejam de esperar ofertas generosas numa noite fria que o treinador Unai Umery quer transformar em proeza idêntica à de 1994-95. O já distante confronto entre o PSG de Weah, Valdo e Ginola, e o Barcelona de Stoichkov, Guardiola e Koeman, nos quartos-de-final da prova do século passado, ditou a única eliminação do Barça (de Johan Cruyff) aos pés dos parisienses liderados por Luis Fernández.

Para reeditar o feito, o PSG pensou em tudo e acolheu em Paris um antigo “matador”: Patrick Kluivert, actual director desportivo dos campeões franceses, que em 1994-95 ganhou a Liga milionária ao serviço do Ajax, tendo quatro anos depois rumado a Camp Nou para uma estadia de seis temporadas.

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Agora, depois de seis tentativas de quebrar o gelo de quase duas décadas, reacende-se e alimenta-se a chama desta paixão, transformada num verdadeiro desfile de estrelas numa passerelle avaliada nuns astronómicos 1,3 mil milhões de euros. O mundo segue o brilho e Portugal não foge à regra, ficando preso ao reencontro de André Gomes e Gonçalo Guedes, ainda que sejam os uruguaios Edinson Cavani e Luis Suárez a convocar todas as atenções nesta primeira mão dos oitavo-de-final.

Oriundos da mesma cidade, Salto, com pouco mais de cem mil habitantes, os goleadores da Celeste Olímpica digladiam-se pela supremacia nas áreas. O “francês” parte em aparente vantagem, com 31 golos entre campeonato e Champions, contra 20 de Suárez, embora no total de todas as provas lidere por uma margem menor, de oito golos (33-25). Como aperitivo, ambos bisaram nos respectivos jogos do último fim-de-semana, com o PSG a vencer (0-3) em Bordéus e o Barça a esmagar (0-6) o Alavés.

Mas esta é uma questão que não pode nem deve ser restringida a dois nomes. Até porque a formação “culé” apresenta o mais temível tridente ofensivo da actualidade, como ficou mais uma vez atestado no último jogo. Se Cavani (que acaba de superar a marca de Pauleta, em Paris) conta com Draxler, estando em aberto a questão relativa à titularidade de Di María, Suárez surge escudado pelos “monstros” Neymar e Messi. Os uruguaios atravessam um momento de forma invejável, de novo com vantagem de Cavani na Champions (6-2), o que obrigará à intervenção do génio argentino, autor de 10 golos na competição. A presença de Messi (que em 2012-13 saltou do banco para impedir a eliminação frente aos parisienses, apurando o Barça com um total de 3-3 nas duas mãos) evoca outro tipo de argumentos. Para Unai Emery, suplantar o Barcelona pode encerrar algo de transcendente se analisarmos os números, sublinhados por um pequeno ódio de estimação.

O técnico basco até já “afundou” o Barça, ao leme do Sevilha, em Outubro de 2015. Mas sem Messi em campo... Essa foi a honrosa excepção. Como treinador, Emery ainda não encontrou uma fórmula capaz de enervar os catalães. Em 23 encontros, as equipas de Unai consentiram 58 golos (Almeria, Valência, Spartak Moscovo e Sevilha) e Messi contribuiu com a maior fatia: 25 em 21 jogos, entre 2007 e 2016.

Apesar de todos os números e do passado grandiloquente do Barcelona, em futebol não é possível vencer se o momento não estiver à altura do passado. Até Luis Enrique já saiu de Paris vergado a uma derrota (3-2), averbada na fase de grupos, em 2014-15. Um resultado que seria vingado nos quartos-de-final, com esclarecedores 5-1 nos dois embates que marcaram uma segunda dose de emoções fortes na mesma edição. Na ocasião, o Barcelona saiu da Cidade Luz com uma confortável vantagem (1-3), na que foi a sua última visita à capital francesa e que coincidiu com a conquista do último troféu da Champions, erguido em Berlim, frente à Juventus.     

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