Campeão europeu com um interino? Já aconteceu duas vezes

O Leicester City recebe nesta terça-feira o Sevilha, em jogo da segunda mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões.

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Craig Shakespeare durante o treino do Leicester City TIM KEETON/EPA

Muita coisa mudou desde que o Leicester City foi à Andaluzia defrontar o Sevilha na primeira mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões. No dia seguinte ao jogo, que a equipa espanhola venceu por 2-1, os campeões ingleses despediram o treinador (Claudio Ranieri), apostaram num interino (Craig Shakespeare) e passaram a respirar melhor na luta pela manutenção na Premier League. Com as duas vitórias seguidas no campeonato, Shakespeare está garantido no cargo até ao final da época e agora enfrenta nesta terça-feira o seu primeiro teste europeu com uma passagem aos “quartos” em jogo. Um golo marcado (desde que não sofra nenhum) bastará para o Leicester seguir em frente.

 Mas conseguirá o campeão inglês mais improvável de sempre chegar a uma igualmente improvável glória europeia? E com um interino? Já aconteceu. Duas vezes. O exemplo mais recente vem do Chelsea de Roberto di Matteo, improvável campeão europeu em 2012 numa final contra o Bayern Munique (e em Munique). Os bávaros controlaram o jogo quase todo, mas não conseguiram quebrar os londrinos. Depois de 120 minutos com um empate (1-1), Cech foi o herói no desempate por penáltis e os “blues”, com um interino italiano no banco, chegaram a um título que nunca tinham tido com José Mourinho ou Carlo Ancelotti.

Di Matteo chegara ao banco em Março de 2012, promovido de adjunto a principal depois de André Villas-Boas ter sido despedido. Antes do jogo de Munique, o Chelsea, com Di Matteo, eliminou, sucessivamente, Nápoles, Benfica e Barcelona. Esse título europeu valeu-lhe um contrato para a época seguinte, mas os maus resultados valeram-lhe o despedimento e Novembro e, desde então, não tem deixando grande marca nos clubes por onde passou.

Trinta anos antes aconteceu algo semelhante com uma equipa inglesa e também às custas do Bayern Munique. O Aston Villa vinha de uma época em que tinha sido campeão inglês pela primeira vez em 70 anos, graças a uma química de longa gestação operada por Ron Saunders, treinador que tinha assumido a equipa na segunda divisão em 1974. Em Fevereiro de 1982, Saunders demite-se do comando da equipa por disputas contratuais e mudou-se para o rival Birmingham City.

No banco ficou o adjunto Tony Barton, que apanhou a equipa a meio da tabela no campeonato e qualificada para os quartos-de-final. Os “villains” começaram por eliminar o Dínamo de Kiev, afastaram depois o Anderlecht e, na final de Roterdão, frente ao Bayern de Breitner, Hoeness e Rummenigge, venceram por 1-0. O Aston Villa viria ainda a ganhar a Supertaça europeia no ano seguinte (frente ao Barcelona), mas duas época muito discretas no campeonato conduziram ao despedimento de Barton.

Shakespeare, o interino, não descarta o Leicester de poder repetir na Liga dos Campeões o que fez na temporada anterior na Premier League, desafiar as probabilidades. “Se podemos ganhar a Champions? Porque não? Ainda cá estamos e vamos ser competitivos em todos os jogos.”

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