Benfica sonha com "penta", Sporting e FC Porto com fim do jejum

A luta promete ser acesa dentro e fora dos relvados na luta pelos dois únicos lugares que dão acesso à Champions esta temporada. Pela primeira vez este século o campeonato terá, em simultâneo, representantes de Trás-os-Montes e Algarve.

Foto
Benfica quer manter a supremacia na liga portuguesa e alcançar um inédito pentacampeonato NUNO FERREIRA SANTOS

FC Porto, Real Madrid, Torino, Juventus, Inter, Bayern Munique, Lyon e Spartak Moscovo. O que têm em comum estes clubes? Todos têm no currículo a conquista de, pelo menos, um pentacampeonato no seu historial. Em Portugal, o Benfica terá a primeira oportunidade de se juntar a este grupo restrito de equipas que integram as principais Ligas europeias, na temporada que arranca este fim-de-semana. A primeira em que o videoárbitro entrará na lista dos protagonistas (ver texto ao lado), com provável impacto na contabilidade final.

O mais titulado clube nacional (36 campeonatos conquistados) será também o principal alvo a abater, numa prova que promete luta aguerrida pelas duas posições cimeiras, as únicas que abrem as portas da Liga dos Campeões na época seguinte. É que, face à queda de Portugal no ranking da UEFA (passou da quinta para a sétima posição), o terceiro classificado terá agora de se contentar apenas com a Liga Europa e, mesmo o vice-campeão, será obrigado a disputar a terceira pré-eliminatória de acesso à prova-rainha.

Foram necessários 17 anos de trabalho à frente do FC Porto para Jorge Nuno Pinto da Costa fazer história na Liga portuguesa, conquistando um inédito pentacampeonato. Um ciclo vitorioso iniciado em 1994-95 e concluído em 1998-99. A epopeia arrancou com o inglês Bobby Robson à frente da equipa nos dois primeiros títulos; prosseguiu com António Oliveira, que também bisou; encerrando-se com o actual seleccionador nacional Fernando Santos, que mereceu o epíteto de “engenheiro do penta”.

Já Luís Filipe Vieira, que necessitou de menos tempo do que o seu homólogo portista para festejar o primeiro tetracampeonato das “águias”, poderá alcançar o “penta” ao final de 14,5 anos aos comandos do clube da Luz. Um objectivo recentemente assumido pelo presidente “encarnado”, quando desvalorizou os maus resultados da equipa na pré-época.

Para esta missão transcendente volta a confiar em Rui Vitória, que deu nas últimas duas temporadas sequência à “obra” iniciada por Jorge Jesus. A questão é saber se o treinador português terá matéria-prima idêntica à que lhe foi facultada para a conquista dos dois títulos anteriores. Para já, se as saídas de jogadores importantes voltaram a rechear os cofres da Luz, com montantes a rondar os 100 milhões de euros, ainda não chegaram os reforços que garantam a mesma qualidade, com o sector defensivo a acusar as principais carências, face às saídas de Ederson (Manchester City), Nélson Semedo (Barcelona) e Lindelof (Manchester United). Peças fulcrais para os êxitos da última época e, até ao momento, sem sucessores à altura.

Menos problemático parece o sector atacante, onde o recém-chegado Seferovic encaixou na perfeição. Mas manter a eficácia ofensiva demonstrada nos últimos anos (246 golos nos três campeonatos anteriores, a uma média de 2,4 por jornada), dependerá muito da forma como Rui Vitória fizer renascer o Jonas de 2015-16, se este tiver ultrapassado os problemas físicos que o afectaram.

Se na Luz ainda se vive a ressaca dos últimos títulos (a que se pode juntar a Supertaça, que hoje irá disputar com o V. Guimarães), em Alvalade a “seca” está a tornar-se insuportável. Passaram 15 anos desde a conquista do último campeonato, num longo jejum que Bruno de Carvalho faz ponto de honra em encerrar neste seu segundo mandato.

A parceria do presidente com Jorge Jesus vai entrar na terceira temporada e, desta vez, não há espaço para novos desaires, especialmente depois do ocaso da época passada. Para voltar ao topo, o “leão” investiu forte no reforço da equipa, com a chegada de jogadores como Piccini, Fábio Coentrão, Jérémy Mathieu, Bruno Fernandes ou Marcos Acuña, mas a pré-temporada não deixou ninguém particularmente eufórico. Pelo contrário. E ainda persistem muitas dúvidas em relação ao plantel, que poderá perder algumas das suas maiores estrelas, como Rui Patrício, William Carvalho, Adrien ou Gelson.

Incógnita é ainda o “novo” FC Porto de Sérgio Conceição. Talvez por condicionalismos das regras do fair-play financeiro da UEFA, o “dragão” terá tido o Verão mais tranquilo do seu historial recente em matéria de reforços. Se o treinador conseguiu compensar a saída do jovem ponta-de-lança André Silva (AC Milan) com o regresso de Aboubakar, tenta ainda encontrar boas soluções para Rúben Neves (Wolverhampton) e Diogo Jota (que terminou o empréstimo).

Mesmo assim, manteve-se a base da equipa vice-campeã de 2016-17, ainda que não esteja totalmente assegurada a manutenção de Danilo, fundamental no meio-campo. Para já, os sinais dados na pré-temporada são positivos. Certo é que os portistas farão ponto de honra em impedir o “penta” do Benfica e ainda têm o Sporting para lutar por um dos dois bilhetes válidos para a Champions.

Novidade neste campeonato é o facto de ser o primeiro do século em que irão participar, em simultâneo, representantes de Trás-os-Montes e do Algarve, com a manutenção do Desp. Chaves e a subida do Portimonense. Já a Madeira ficou reduzida a um representante, o Marítimo, face à descida do Nacional, algo que não ocorria desde a época 2001-02. Da região Centro manteve-se o Tondela.

Como vem sendo hábito, a Área Metropolitana do Porto é a mais representada no escalão de elite, com seis clubes (FC Porto, Boavista, Desp. Aves, Paços de Ferreira, Rio Ave e Feirense), seguida da de Lisboa (Benfica, Sporting, Belenenses, Estoril e V. Setúbal). O Minho completa o pódio, com três emblemas (V. Guimarães, Sp. Braga e Moreirense).      

Sugerir correcção
Ler 3 comentários