Sóbrio, Lars von Trier receia não conseguir realizar mais filmes

Em entrevista ao jornal dinamarquês Politiken, o realizador de Ninfomaníaca explica que o seu combustível criativo era uma combinação de álcool e outras drogas

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Lars von Trier na conferência de imprensa em Cannes que, pelas declarações sobre Hitler e o nazismo, resultou na sua expulsão do festival AFP PHOTO / ANNE-CHRISTINE POUJOULAT

Lars von Trier não dava uma grande entrevista desde as polémicas declarações em Cannes, em 2011, quando afirmou ironicamente sentir empatia por Adolf Hitler. Mas, agora que quebrou o silêncio auto-imposto, fê-lo ao seu estilo: o realizador dinamarquês explicou recear não conseguir realizar mais filmes. Porquê? Por ter largado o álcool e outras drogas, que confessa terem sido o seu combustível criativo. “Nunca uma expressão criativa de valor artístico foi atingida por antigos alcoólicos ou viciados em drogas”, argumentou numa entrevista de capa ao jornal dinamarquês Politiken publicada este sábado.

O realizador que se destacou na década de 1990 enquanto figura cimeira do movimento de cinema realista baptizado Dogma, afirmou que o guião de Ninfomaníaca, o seu mais recente filme, foi escrito enquanto sóbrio e demorou 18 meses a ser completado. O de Dogville (2003), por sua vez, foi escrito em meros doze dias, alimentados por um consumo ininterrupto de drogas não especificadas.

Segundo noticia a agência Reuters, Von Trier contou ao Politiken que antes do tratamento de desintoxicação a que se submete neste momento, com frequência diária em reuniões de Alcoólicos Anónimos, bebia uma garrafa de vodka por dia. Para ser criativo, porém, afirma na entrevista, precisava de combinar o álcool com outras drogas. “Não recomendo o mesmo a ninguém. É muito estúpido e perigoso”, declarou. Resta, então, o receio de que, com a sobriedade, desapareça a criatividade. “Não sei se conseguirei fazer mais filmes, e isso preocupa-me”, disse, acrescentando: “Quem quereria saber de uns Rolling Stones sem a bebida ou de um Jimi Hendrix sem heroína?”

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