“Se o futuro passasse por carros voadores, como iríamos gerir o tráfego áereo?”

Sonhar o Futuro volta esta quinta-feira ao Odisseia para a segunda parte de uma viagem a 2050. Falámos com o realizador da série que apresenta soluções e problemas para o futuro.

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Imagine o que seria ter uma impressora capaz de produzir alimentos recorrendo à tecnologia 3D. Ou um par de braços robóticos pronto a preparar uma refeição com base em dezenas de receitas embutidas no seu sistema. Não se trata de ficção científica, mas de um conjunto de tecnologias que são diariamente trabalhadas e aperfeiçoadas e que poderão fazer parte de qualquer cozinha em 2050. A segunda temporada de Sonhar o Futuro, que se estreia esta quinta-feira às 22h no Odisseia, convida o público a descobrir as tendências e projectos que estarão na origem da próxima grande revolução tecnológica, sociológica e cultural. “O meu objectivo foi entrar na mente de diferentes criativos e perceber como é que eles vêem o futuro”, começa por contar Alex Fighter, ao telefone com o PÚBLICO a partir de Paris. 

Embora não seja um nome sonante, o realizador francês não é um novato a mergulhar no mundo de quem vive das ideias. Depois de escrever e realizar Gaga by Gaultier (2011) e On the road with Will.i.am (2014), Alex Fighter quis encontrar-se com cientistas, engenheiros, académicos e artistas de todo o mundo para ver o futuro através de múltiplas lentes. “Actualmente temos vários problemas no mundo e eu quero mostrar aos espectadores que é possível encontrar soluções”, reconhece. A nova temporada, à semelhança da anterior, tem dez episódios de 52 minutos e segue a mesma estrutura documental – cada episódio corresponde a uma grande temática da vida humana, como o entretenimento, a comida ou os meios de transporte.

Com um orçamento de 1.8 milhões de euros, Dream The Future é uma produção colossal que viajou por quatro continentes e que exigiu um planeamento milimétrico. “Precisávamos de ter a capacidade de viajar para todo o lado, porque quando pensamos na escola do futuro ou na comunicação do futuro, as respostas não estão no mesmo sítio”, explica Alex Fighter, acrescentando que a produção visitou “entre quatro a seis países diferentes por episódio”.

Além do dinheiro alocado para as viagens e para os efeitos especiais necessários à concretização de uma série que fala sobre o futuro, o realizador nota ao PÚBLICO que grande parte do orçamento serviu para pagar os direitos de alguns filmes cujos excertos foram incluídos no documentário. “Quisemos brincar com estes dois universos e comparar a realidade dos filmes com os projectos que já estão alinhavados para o futuro”.

Hollywood e o laboratório, uma relação moderna

Alex Fighter considera que é mais fácil fazer um filme de ficção científica hoje do que era antigamente, porque a colaboração entre engenheiros de prestigiadas instituições como o Massachussets Institute of Technology (MIT) e Hollywood é cada vez mais frequente. “É uma dinâmica surpreendente quando consideramos os filmes mais antigos e a precisão que existe no cinema actualmente”, acrescenta o realizador.  

Aquela que seria uma parceria improvável é hoje uma relação próxima, mas desigual. No cinema, nada é impossível, mas muitas das invenções tornadas famosas na grande tela são mais difíceis de transpor para o mundo real – como é o caso de carros voadores. No episódio que incide sobre os meios de transporte, esta tecnologia é abordada por um engenheiro que explica a impossibilidade de tornar estas viaturas uma realidade num futuro próximo. “Teria que ser um veículo entre o avião e o carro e, a ser exequível, como é que se iria gerir todo o tráfego aéreo?”, questiona Alex Fighter, acrescentando que “quando se encontra solução para um problema, já existem dez novos problemas”.   

Sonhar o Futuro conta com a participação de 160 criativos, entre os quais o músico Moby, o actor Jeremy Irons e o atleta Guillaume Néry. Gerir uma produção desta envergadura foi um desafio por si só, mas Alex Fighter nota que a maior prova que teve que superar com a sua produtora Update Productions foi tentar mostrar um futuro que ainda não está concebido. “Quisemos convidar os espectadores a mergulhar naquelas que são as prioridades para o futuro sem abdicar do entretenimento”.

Os direitos de Sonhar o Futuro foram adquiridos por vários países, mas Alex Fighter já embarcou na sua próxima viagem. Com o nome provisório de Generation Superheroes, a nova série documental anda entre países como Espanha, Alemanha, Canadá e Estados Unidos para conhecer crianças e adolescentes entre 8 e 18 anos que possam apresentar soluções para salvar o planeta. “O mais importante para mim é mostrar que é possível”, conclui.

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