Morreu Faten Hamama, a actriz que levou Omar Sharif a converter-se ao islão

A actriz tinha 83 anos e apresentara-se pela última vez num trabalho televisivo em 2000. Com Omar Sharif, com quem casou, formou durante anos o maior par romântico do cinema egípcio.

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Faten Hamama no tempo em que era casada com Omar Sharif DR

Chamavam-lhe “a grande dama do ecrã árabe” e era um ícone do cinema egípcio e do Médio Oriente: Faten Hamama morreu no sábado aos 83 anos, vítima de uma doença súbita.

Centenas de egípcios juntaram-se hoje numa mesquita dos arredores do Cairo para se despedirem da diva do cinema, célebre pela sua carreira, iniciada aos sete anos, e também pelo seu casamento com o actor Omar Sharif, com o qual formou durante anos o maior par romântico do cinema egípcio. A AFP adianta que o foi o filho do casal, Tarek Sharif, quem conformou a notícia da morte da mãe, não adiantando, contudo, as causas.

Terá sido um filme com a actriz libanesa Assia Dagher que fez nascer em Hamama, quando esta tinha apenas seis anos, o desejo de seguir uma carreira cinematográfica. O pai, sabendo que um realizador procurava uma jovem para um papel num dos seus filmes, enviou uma fotografia de Hamama, conseguindo assim o primeiro papel no cinema daquela que viria a ser uma estrela nacional. A partir daí, as oportunidades foram surgindo, e Hamama nunca mais deixou de fazer filmes, tendo durante um período sido conhecida como “a Shirley Temple do Egipto”.

Nascida em 1931, Hamama chegou à idade adulta precisamente na altura em que o cinema egípcio entrava na sua época dourada, e assim a sua carreira ficou associada a alguns dos maiores sucessos desse tempo. Teve um primeiro casamento com o realizador Ezzel Dine Zulficar, com o qual fez vários filmes, mas divorciaram-se em 1954, depois dela ter conhecido Omar Sharif.

Foi no filme Siraa Fil-Wadi, do célebre realizador egípcio Youssef Chahine, que o encontro aconteceu. Hamama tinha recusado o primeiro actor que lhe tinha sido proposto para contracenar, mas aceitou o jovem recém-chegado Omar Sharif – e, mais surpreendente, aceitou pela primeira vez filmar uma cena com um beijo. Omar Sharif, que foi criado como católico (a sua família seguiria o rito greco-católico melquita), converteu-se ao islão para casar com ela, e durante duas décadas os dois fizeram vários filmes juntos, com grande sucesso. O final dos anos 60 foi, no entanto, conturbado, com Hamama a cortar com o regime egípcio e a viver no exílio em Beirute e em Londres. Só voltaria ao Egipto depois da morte do Presidente Gamal Abdel Nasser.

Durante a sua carreira - em que se destacam os papéis em Doa al-Karawan, retrato de uma jovem que quer vingar o assassínio da irmã, ou em Nahr el-Hub, baseado no romance Anna Karenina, de Tolstoi - a grande senhora do cinema egípcio fez vários filmes denunciando as desigualdades sociais e defendendo os direitos das mulheres. Em 1974, Omar e Hamama divorciam-se, e mais tarde ela casou pela terceira vez com o médico Mohamed Abdel Wahab. Em 1996 foi considerada a “actriz mais importante do país” durante a comemoração do centenário do nascimento do cinema egípcio. Apesar de a idade ter trazido uma diminuição no número de papéis, continuou a trabalhar, tendo no ano 2000 regressado, após uma ausência de sete anos, num papel numa mini-série televisiva. Nesse mesmo ano foi considerada Estrela do Século pela Organização dos Críticos e Escritores egípcios.

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