Frank Ocean, o jovem rei de 2012?

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Ao primeiríssimo álbum Frank Ocean chegou ao topo: disco do ano para o jornal The Guardian e para as revistas Spin e Paste; segundo lugar no ranking da Pitchfork; terceiro no da Rolling Stone

Que sentido tirar de tantas listas, tantos nomes, tantos discos? Há maneira de entender o caos da subjectividade? Talvez não, mas tentemos, ainda assim.

Olhamos para algumas das mais procuradas listas de melhores álbuns do ano e um nome parece destacar-se: Frank Ocean. Logo ao primeiro álbum, Channel Orange, o talentoso americano, de 25 anos, garante um lugar no firmamento R&B. Saiu da sombra de gente como John Legend ou Justin Bieber, para quem escreveu canções, e ei-lo agora no primeiro lugar da listas do jornal britânico The Guardian e das revistas Spin e Paste - está também em vários top 10 e, virtualmente, em tudo o que é lista. "Avisei-vos a todos que ia ser o melhor", brincou, em conversa com o Guardian.

O R&B tem outro nome recorrente nas listas, Miguel, com o aclamado Kaleidoscope Dream, o seu segundo álbum. Mas Good Kid, m.A.A.d. City, do rapper Kendrick Lamar, brilha mais - encabeça os rankings da Fact e da Pitchfork (que dá o segundo lugar a Ocean) e mesmo a "rockeira" Rolling Stone o coloca em sexto lugar, depois de Bruce Springsteen (o boss da lista), Frank Ocean (quem mais?), Jack White, Bob Dylan e Fiona Apple. A regressada Fiona é, aliás, um dos casos curiosos de 2012: The Idler Wheel Is Wiser Than the Driver of the Screw and Whipping Cords Will Serve You More Than Ropes Will Ever Do leva o prémio de título mais longo do ano, mas o consenso acaba aí: merece primeiro lugar no site Stereogum, é inexistente para outros.

Na conservadora Uncut, as belas Old Ideas, de Leonard Cohen, e Tempest, de Bob Dylan ocupam, respectivamente, o primeiro e o segundo lugar. Depois, há Jack White (com Blunderbuss, disco do ano para a Mojo), Dr. John, Frank Ocean (pois) e mais um veterano, este discreto, Bill Fay.

No rock, Celebration Rock, dos Japandroids, e The Seer, dos Swans, mas, sobretudo, Lonerism, dos Tame Impala (primeiros para a New Musical Express, quartos para a Pitchfork, e veremos daqui a umas páginas em que lugar ficou na lista dos críticos do Ípsilon...), figuram em várias listas. Visions, da canadiana Grimes, merece duas medalhas de prata (do Guardian e da NME): "Uma obra-prima pop gonzo que é estranha, original e derivativa ao mesmo tempo", comenta o diário britânico. Coexist, dos The xx, não teve o impacto da estreia, mas mais contrastante com o passado recente é a ausência de Centipede Hz, dos Animal Collective, nas principais listas - eles que, em 2009, puseram Merriweather Post Pavilion em quase tudo o que era top (foi o primeiro lugar da lista do Ípsilon). O primeiro disco dos Alt-J, apesar de ter vencido o Mercury Prize, não conquistou muitos lugares de destaque nos tops de 2012 - ainda assim, teve alguma sorte nos compatriotas NME e Guardian.

Finalmente, na Wire, bíblia da música experimental, são as fantasias de Laurel Halo em Quarantine que levam a melhor, à frente da festa global que pôs Sun Araw & M Geddes Gengras em diálogo com as lendas reggae The Congos (Icon Give Thank) e da electrónica desafiante de Actress (R.I.P.).

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