Em 2016 o Prado vai ser, ainda mais, a casa de Bosch

Arte Antiga vai emprestar tríptico das Tentações de Santo Antão a Madrid. Museu da cidade holandesa onde Bosch nasceu também organiza uma exposição.

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O Jardim das Delícias será um dos eixos centrais da maior e mais importante exposição alguma vez realizada em torno do pintor holandês DR

Não é novidade, mas quando se trata de uma oportunidade única ou, pelo menos, dificilmente repetível, nunca é de mais lembrar – entre 31 de Maio e 11 de Setembro de 2016 o Museu do Prado, em Madrid, uma das pinacotecas mais importantes do mundo, vai receber uma grande exposição monográfica evocativa dos 500 anos da morte do pintor holandês Jheronymus Bosch. El Bosco: La exposición del centenário, garantem o director do Prado, Miguel Zugaza, e o seu adjunto, Miguel Falomir, será a “maior” e “a mais importante” alguma vez realizada à volta deste mestre singular, um dos mais populares da cultura universal.

A exposição do Prado, com comissariado de uma das conservadoras do museu, Pilar Silva Maroto, vai reunir 65 obras, 25 das quais da autoria de Bosch (1450?-1516) ou a ele atribuídas – há sempre divergências de opinião entre os especialistas quando se trata de definir o que saiu da mão do pintor , nove da sua oficina e as restantes 31 de outros artistas da época capazes de ilustrar o contexto em que o pintor trabalhou, conquistando enorme sucesso e deixando muitos seguidores. “O Prado quer oferecer aos seus visitantes o melhor Bosch possível”, disse aos jornalistas Falomir, assegurando que a exposição permitirá “contemplar o artista no seu mais elevado registo”. “O nosso museu é a única instituição do mundo que pode reunir o maior número de obras do artista, por causa do nosso próprio acervo e do de outros, mas também por causa do conhecimento que dele temos”, acrescentou Zuzaga ao diário espanhol El PaísA ligação de Bosch a Espanha faz-se a partir de Filipe II (I de Portugal), grande coleccionador da sua obra.

Parte das pinturas, dos desenhos e das gravuras povoados de monstros, santos, anjos e figuras demoníacas que se poderão ver em Madrid serão mostradas previamente na cidade onde o pintor nasceu, Hertogenbosch, a 80 quilómetros de Amesterdão: o Prado emprestará ao Museu Noordbrandts O Carro de Feno, que assim regressa aos Países Baixos (ainda que temporariamente) 450 anos depois de de lá ter saído. A exposição holandesa, Jheronymus Bosch: Visões de um génio (13 de Fevereiro a 8 de Maio), não vai contar, no entanto, com os trípticos que compõem o eixo central da do centenário: A Adoração dos Reis Magos, recentemente restaurado, e O Jardim das Delícias, ambos da colecção do Prado, e Tentações de Santo Antão, uma das jóias do Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa.

A lista de emprestadores inclui ainda museus como o Albertina e o Kunsthistorisches (Viena), o Metropolitan (Nova Iorque), o Louvre (Paris) e a National Gallery (Washington).  

“Os quadros de Bosch identificam-se a partir de um único fragmento, graças a um estilo original e intransmissível, com um olhar e um universo próprios”, defendeu Falomir ao jornal La Vanguardia, garantindo que o artista está entre os que, na história de arte, apresentam uma “personalidade mais vincada”.

As entradas para as duas exposições – ambas se batem pelo “estatuto” de mais completa monográfica alguma vez organizada à volta do mestre holandês  já estão à venda nos sites dos respectivos museus.

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