Carla Bruni regressa à música depois do teatro do poder

O primeiro single é uma versão de Enjoy the silence, um êxito dos Depeche Mode. O vídeo já está disponível.

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Este será o quinto álbum de estúdio de Carla Bruni DR

Na década de 1990, no universo da moda, que abraçou deixando a meio um curso de moda, era invejada. Era olhada como sendo a culta do circuito das supermodelos. Nos anos 2000, quando lançou o seu primeiro álbum (Quelqu’ Un M’a Di, de 2002) disse-se de forma paternalista, no meio da música, apesar do enorme sucesso global, que para uma manequim não estava nada mal.

Ao segundo disco o sucesso foi menor, mas alcançou a credibilidade como cantora que ambicionava. Depois tornou-se primeira-dama, ao lado de Sarkozy, e recomeçaram as leituras sobre ela, agora ampliadas pelo circo mediático. Não surpreende que o terceiro disco, Comme Si De Rien N’ Etait (2008) tenha sido recebido com desconfiança. Mais uma vez, era como se tivesse que prestar provas. Já depois de o marido ter deixado o Eliseu, lançou Little French Songs (2013) e voltou a investir na promoção e comunicação da sua música, mas nas entrevistas, queixava-se então, ninguém queria falar de música, apenas de política, mais exactamente, como definiu uma vez, do “teatro do poder.”

Agora que já existe algum distanciamento sobre esse período da sua vida talvez venha a ser diferente. Carla Bruni vai lançar o seu quinto álbum de estúdio, uma colecção de versões de canções em inglês, produzidas por David Foster. Chama-se French Touch e sairá apenas a 6 de Outubro, embora já esteja disponível o vídeo do primeiro single, uma versão do êxito Enjoy the silence dos Depeche Mode, despido do seu aparato mais negro, com Carla Bruni a reduzi-lo a uma balada simples e sentimental, uma meditação emotiva.

Ou seja, na linha do que sempre fez. Essa é, aliás, a sua maior marca ao longo dos anos. Apesar dos diferentes contextos mediáticos em que foi lançando os seus álbuns a sonoridade não mudou quase nada ao longo dos anos, com os climas nostálgicos, com qualquer coisa de afectuoso e voluptuoso a dominarem. Música que conforta mais do que provocar tensões. Essas existem, mas nas leituras para lá da música.

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