Tinham acabado de lhe mudar a fechadura da casa que habitava até àquele momento, para que se garantisse que lá não poderia voltar a entrar, quando Paula desceu as escadas de um prédio de Paranhos com as lágrimas a descerem-lhe pela cara sem saber onde dormiria na noite desta terça-feira. Aos 74 anos, pela primeira vez na vida, já reformada, acabava de ficar sem morada – vivia ali há 17 anos. Por força de uma ordem de despejo, resultado de um processo aberto pelo novo senhorio, também foi consigo para a rua uma amiga de 75 anos a quem abriu a porta há cerca de uma década porque, segundo conta, será vítima de violência doméstica (e por isso o seu nome é fictício). A solução de emergência que o Serviço de Atendimento e Acompanhamento Integrado (SAAS), da competência da Câmara do Porto, propôs, diz um vizinho que as está a auxiliar, foi arrendarem um quarto para as duas, apenas com uma cama, no valor de 500 euros por mês.
O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.