Estes mergulhadores querem salvar a vida marinha dos “fantasmas” que a estrangulam

Na Tailândia, um grupo de mergulhadores tem recolhido toneladas de resíduos de plástico e de material de pesca abandonado: como “fantasmas” do mar, este lixo à solta deixa a vida marinha em risco.

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Um mergulhador mostra as redes de pesca abandonadas removidas de um coral em Phuket, na Tailândia Napat Wesshasartar / REUTERS
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Lixo de plástico nas águas tailandesas Napat Wesshasartar / REUTERS
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Material de pesca "fantasma" perto de um coral Napat Wesshasartar / REUTERS
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Sob a superfície das águas de cor azul-turquesa de uma praia da ilha de Phuket, na Tailândia, os mergulhadores recolhem laboriosamente material de pesca abandonado, em grande parte feito de plástico, que se encontra emaranhado nos corais e a estrangular a vida marinha. Este equipamento de pesca descartado ou perdido é conhecido localmente como "equipamento-fantasma" e constitui um problema crescente nas águas da Tailândia (e não só), enredando a vida marinha e aumentando a poluição por microplásticos à medida que as redes e as cordas se vão desfazendo com o tempo.

De acordo com o Departamento de Recursos Marinhos e Costeiros da Tailândia, as estimativas da percentagem de vida marinha ameaçada pela poluição por plásticos na parte superior do mar de Andamão, ao largo da Tailândia, aumentaram de 20% em 2021 para, pelo menos, 30% em 2023.

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Um peixe-balão preso numa rede de pesca Napat Wesshasartar/REUTERS

Os grupos de mergulho e as organizações marinhas da Tailândia têm trabalhado para remover dos recifes as artes de pesca abandonadas através de missões de limpeza, mas têm tido dificuldade em quantificar a dimensão do problema. Os especialistas afirmam que a falta de uma estratégia coordenada está a dificultar a procura de soluções mais abrangentes e eficazes para localizar, gerir ou proibir o despejo de equipamento de pesca.

"Estamos constantemente a recolher material de pesca descartado. Temos uma forte comunidade de mergulhadores. Temos muitos sectores governamentais a trabalhar neste esforço de limpeza", disse Salisa Traipipitsiriwat, activista sénior e gestora de plásticos do Sudeste Asiático da Environmental Justice Foundation (EJF), que está a trabalhar em parceria com outras organizações para compilar dados.

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Material de pesca abandonado perto de um coral nas águas tailandesas Napat Wesshasartar/REUTERS

O objectivo é ajudar os cientistas marinhos a avaliar o impacto das ferramentas de pesca abandonadas nas águas tailandesas. "Apesar de haver recolha de resíduos, não há uma recolha de dados uniforme", acrescentou Salisa.

Ao largo da costa de Phuket, cerca de 20 mergulhadores voluntários, equipados com equipamento submersível, tesouras, redes e cadernos, mergulham para recolher redes de pesca abandonadas, registando dados durante as missões de limpeza. Estão também a incentivar outros mergulhadores recreativos a juntarem-se à sua iniciativa. O grupo envolve ainda cerca de 500 pescadores na recolha de redes abandonadas.

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Um mergulhador retira material de pesca abandonado de um coral Napat Wesshasartar/REUTERS

O lixo é seleccionado e pesado e, sempre que possível, enviado para reciclagem. Cerca de 130 toneladas de equipamento de pesca usado foram recolhidas pela EJF junto das comunidades piscatórias locais ao longo das zonas costeiras tailandesas e transformadas em novos produtos através da reciclagem.

Num caso à parte, uma tartaruga morta foi encontrada na costa e levada para necropsia, efectuada por veterinários marinhos. Dentro do seu estômago encontravam-se pedaços de corda e de plástico. "Actualmente, os resíduos de plástico são uma das principais causas do desaparecimento de animais marinhos em perigo de extinção", afirmou Patcharaporn Kaewmong, director do centro de salvamento marinho de Phuket. E conclui, deixando claro o diagnóstico: "A gestão dos resíduos é um problema muito grande."

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