Incubadoras de talento

Cabe aos empresários ter a ambição necessária para incubar talento, nas mais diversas áreas, e tentar superar as barreiras fiscais e culturais que sucessivos governos foram criando por ação ou inação.

Ouça este artigo
00:00
02:20

Somos um dos países da Europa onde é mais difícil gerir recursos humanos. Um facto que se reflete na falta de competitividade das nossas empresas e, consequentemente, no crescimento económico do país.

Uma das consequências desta fragilidade é o aumento da carga de trabalho dos colaboradores em funções, a perda de vendas ou oportunidades de negócio e a redução da rentabilidade e do crescimento. A outra é uma fuga imediata de talentos para outras paragens.

Portugal precisa de incubadoras de talento. Já e em grande número. Onde e como?

Entre nós, existe um preconceito que nunca falha: quando falamos de talento referimo-nos obrigatoriamente a profissionais de IT, mas isso não corresponde à verdade. Precisamos de incubar talento em muitas outras áreas. Precisamos de melhores mecânicos, soldadores ou eletricistas. Profissionais que se especializem e sejam capazes de responder às novas exigências de um mercado competitivo e sempre inovador.

Cabe aos empresários nacionais ter a ambição necessária para incubar talento, nas mais diversas áreas, e tentar superar as barreiras fiscais e culturais que sucessivos governos foram criando por ação ou inação.

Enquanto empresário posso-vos garantir que se ambiciono o melhor talento, sei que terei de o formar. Não tenho tempo para esperar que alguém o faça por mim.

Sou da opinião que uma das principais responsabilidades dos empresários nacionais está na aposta numa nova cultura interna. Temos de sacudir um certo arcaísmo empresarial que não nos deixa competir com as congéneres europeias e que é uma das razões fundamentais para a fuga dos nossos melhores profissionais.

Se existe mercado e faltam profissionais, a solução parece fácil. Mas não é.

A verdade é que, não só a fiscalidade é um entrave tremendo para a retenção de talento uma vez que a proporção entre o que uma empresa paga e o que um colaborador recebe está consideravelmente acima do rácio praticado na União Europeia (24,1% e 20,8%, respetivamente) – como recai sobre a organização a necessidade de formar e especializar os profissionais contratados.

Os próximos anos serão decisivos para as empresas nacionais. Apenas sobreviverão as que souberem adaptar-se, desafiando as novas metodologias de recrutamento, revolucionando a avaliação do desempenho e a qualificação dos recursos humanos para que possam crescer e assim compensar o peso fiscal.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

Sugerir correcção
Comentar