Nasceu uma “estufa” para fotógrafos emergentes em Lisboa

Collectif inaugura a exposição A Paisagem Não Sabe do Silêncio Que Tecemos, da fotógrafa Tatiana Saavedra, sábado, às 18h. O espaço funciona de quarta-feira a domingo e a entrada é livre.

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A Collectif está aberta de quarta-feira a domingo, das 12h às 20h
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A Collectif quer ser galeria, escola e até livraria. Para já, a exposição A Paisagem Não Sabe do Silêncio Que Tecemos, da fotógrafa Tatiana Saavedra, inaugura o número 102b da Avenida Conde Valbom, em Lisboa, este sábado, às 18h. De 13 de Abril a 8 de Junho, às 19h de todos os sábados, quem lá entrar pode também ver a performance de dança Estufa, criada pelos bailarinos Victória Bemfica e André de Campos. A entrada é livre.

"É um espaço que está a ser construído para criar não só uma comunidade de pessoas que gostam de fotografia e das artes visuais, mas também para ter aqui os recursos necessários para os fotógrafos poderem concretizar os seus projectos", garante Cláudia Gerardo, mentora na Collectif. "Não vamos ser uma escola no sentido tradicional", explica, no entanto, o plano é organizar "cursos livres, workshops, masterclasses" e, no futuro, criar um sistema de filiação.

A vontade de Cláudia é construir uma comunidade "e fazer a conexão entre os fotógrafos já estabelecidos e os fotógrafos aspirantes". Muito além da fotografia enquanto "registo da realidade ou do aspecto estético", o objectivo é que os trabalhos expostos "façam as pessoas pensar e sentir". "Para nós podermos criar algo novo é preciso olhar para o que já existe e ter espírito crítico. E isso implica também uma desconstrução do que já existe."

A primeira exposição, com curadoria de Céu Guarda e Cláudia Gerardo, quer falar dos conflitos e das dualidades que todos temos, ainda que nem sempre se apresentem de forma evidente. "Pode existir uma paisagem que aparentemente é tranquila mas não significa que também ela não tenha dualidades nessa paz aparente", explica a artista visual Tatiana Saavedra.

Tatiana Saavedra
Tatiana Saavedra
Tatiana Saavedra
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Tatiana Saavedra

Para Tatiana, a mostra, que caracteriza como "um bocado existencial", "é sobre ser-se humano, ou seja, todos nós sentimos essas dualidades, esses conflitos internos e é sobre também essa vontade de encontrar uma harmonia, uma paz, no meio desse caos que é estar aqui". "Cada fotografia é uma história individual" mas todas se complementam, de forma a criar um puzzle.

Os 24 "pequenos poemas" que compõem o puzzle serviram de base para a coreografia que os bailarinos Victória Bemfica e André de Campos vão apresentar. Estufa, normalmente um local fechado para plantas que precisam de protecção, quer "dar uma continuidade à exposição", num ambiente que "pede a presença de artistas". Para Tatiana, a ideia é que o movimento complemente a imobilidade das fotografias e que, quem veja a performance, se esqueça "das regras que existem lá fora".

Os bailarinos da companhia de dança Olga Roriz vão actuar nus, contrariando os tabus e censuras de plataformas como o Instagram, onde os artistas continuam a ser limitados, "principalmente os fotógrafos" e as mulheres. "Apesar de o nosso foco ser a fotografia, nós acreditamos que esta multidisciplinaridade, este cruzamento entre diversas formas de arte é muito enriquecedor", defende a fotógrafa.

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