Doping: “concentração de denúncias” acelerou processo à W52-FC Porto

Presidente da ADoP adianta que recebe, em média, três denúncias semanais sobre a alegada prática de doping no desporto.

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A W52-FC Porto desistiu de competir no final de 2022
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O presidente da Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP) afirmou nesta sexta-feira, em tribunal, que "havia uma concentração de denúncias" na W52-FC Porto, mas admitiu haver outras equipas e ciclistas também com denúncias por alegadas práticas dopantes.

Ouvido enquanto testemunha no julgamento da operação "Prova Limpa", com 26 arguidos, incluindo ex-ciclistas, e que decorre num pavilhão anexo ao Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira, Manuel Brito assumiu ainda que os resultados no combate ao doping no ciclismo "não têm sido muito bons", revelando estarem em curso "processos relativos a passaportes biológicos" de outros ciclistas, sem poder "referir nem nomes, nem números".

Segundo esta testemunha, a investigação do Ministério Público (MP) durava "há cerca de ano e meio", quando, a 24 de Abril de 2022, foi desencadeada a primeira parte da operação "Prova Limpa", centrada na equipa W52-FC Porto, que tinha à data como "patrão" Adriano Quintanilha e como director desportivo Nuno Ribeiro, e durante a qual a Polícia Judiciária realizou buscas e apreensões, como seringas e outro material usado em transfusões sanguíneas.

O presidente da ADoP disse ao colectivo de juízes que havia denúncias a dar conta de que outros ciclistas e outras equipas se dedicavam, alegadamente, a práticas dopantes, mas ressalvou haver, naquela ocasião, "uma concentração de denúncias" na W52-FC Porto, razão pela qual as autoridades deram andamento ao processo e à investigação.

Manuel Brito assumiu, em 2019, a presidência da ADoP, ano em que começou a receber "as primeiras informações [denúncias]" sobre a W52-FC Porto, adiantando que, em média, recebe três denúncias semanais sobre a alegada prática de doping no desporto.

Este responsável explicou que "muitas das denúncias" que recebe, envolvendo várias modalidades desportivas, "não são verdade", mas assegurou que "todas são analisadas" e, caso se justifique, é dado seguimento ao processo.

Sobre a intervenção da ADoP na investigação centrada na W52-FC Porto, Manuel Brito afirmou que o organismo participou e colaborou na primeira parte da operação, ficando com a incumbência de analisar, estudar as provas e o material apreendido, nomeadamente seringas, sacos, frascos e vestígios hemáticos, entre outros, que culminou com a entrega de um relatório técnico ao MP.

Na segunda parte da operação policial, realizada em Agosto de 2022, a ADoP não participou.

No aspecto disciplinar, a ADoP sancionou os ciclistas visados, à excepção de Jorge Magalhães, cujo processo ainda decorre na instância desportiva. Todos cumprem sanções por dopagem, com sete deles - João Rodrigues, Rui Vinhas, Ricardo e Daniel Mestre, Samuel Caldeira, José Neves e Ricardo Vilela - com pena reduzida por terem reconhecido a culpa.

Os 26 arguidos respondem por tráfico de substâncias e métodos proibidos, mas apenas 14 por administração de substância e métodos proibidos.

Entre estes estão Adriano Teixeira de Sousa, conhecido como Adriano Quintanilha, a Associação Calvário Várzea Clube De Ciclismo - o clube na origem da equipa -, o então director desportivo Nuno Ribeiro e o seu "adjunto" José Rodrigues.

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