Benfica quer reduzir riscos para viajar em segurança até Marselha

Estádio da Luz sem franceses em noite emotiva que poderá pesar no futuro próximo de Roger Schmidt. Decisão sobre a presença de adeptos rivais marca primeira mão dos “quartos” da Liga Europa.

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Rafa durante a sessão de treino desta quarta-feira RUI MINDERICO
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O Olympique Marselha volta, na quinta-feira à noite (20h, SIC), ao Estádio da Luz para disputar a primeira mão dos quartos-de-final da Liga Europa com um Benfica desarmado nas competições domésticas e cada vez mais dependente do sucesso na prova da UEFA, na qual faltam certezas sobre a presença de adeptos das equipas visitantes nesta eliminatória.

Roger Schmidt, treinador da equipa “encarnada”, e Jean-Louis Gasset, técnico do Olympique, defendem um futebol sem restrições no apoio às equipas. Aubameyang, referência dos marselheses — um “perigo” no plano desportivo que Schmidt conhece bem —, comunga da mesma opinião, contrária à assumida pela polícia francesa e, em resposta, pela SAD do Benfica.

Mas, pelo menos até ao início do jogo, ninguém parece disposto a desistir da ideia de um espectáculo aberto, mesmo que Schmidt tenha ideias bem definidas para bloquear e anular os perigos do Marselha.

O treinador do Benfica garante que a frustração dos recentes embates com o rival Sporting — na Liga e nas meias-finais da Taça de Portugal — já foi superada e que os jogadores lutarão pela revalidação do título até ao fim, sem precisarem de olhar para a Europa como uma espécie de tábua de salvação.

“Contra o Sporting não fomos bem-sucedidos. Estivemos a um grande nível, mostrámos qualidade e nada está perdido no campeonato. Na Liga Europa temos uma grande oportunidade. Há muito que o Benfica não chega a umas meias-finais de uma competição europeia”, lembrou, quando passaram já dez anos desde a última presença das “águias” numa final da Liga Europa (Sevilha, 2013-14) e 34 na Liga dos Campeões (AC Milan, 1989-90).

A estratégia do alemão assenta no colectivo e na capacidade de controlar a posse e a reacção à perda da bola, o que ajudará a anular individualidades como Aubameyang, para ganhar vantagem em casa e reduzir os riscos em Marselha.

De resto, cada vez menos imune a críticas, Schmidt sabe que só o apuramento para as meias-finais da Liga Europa pode reprimir a crescente onda de contestação e circunscrever situações incómodas como as provocadas pelos rumores sobre o eventual regresso de José Mourinho à Luz, que levaram a SAD a emitir comunicado a desmentir a rendição do técnico alemão.

O momento é duplamente delicado e Schmidt protegeu-se com uma resposta seca à questão do futuro: “As vossas histórias não são problema meu!”, atirou, confirmando apenas o regresso de Sven-Göran Eriksson ao Estádio da Luz para assistir ao jogo com o Marselha. O treinador sueco será homenageado esta noite pelo emblema português, depois de ter revelado sofrer de doença terminal.

“É uma grande personalidade do futebol, um treinador de topo a viver uma situação muito difícil. Espero que possa desfrutar deste momento”, declarou Schmidt.

Risco elevado

No que diz respeito ao jogo entre o vice-líder português e o oitavo classificado da Liga francesa (em crise, após três derrotas consecutivas), mais do que os argumentos que as equipas possam apresentar, do que as baixas ou dúvidas do Marselha (o ex-FC Porto Mbemba fará teste decisivo), a discussão centra-se numa questão acessória que as claques tornaram essencial.

Apesar dos esforços de mediação da UEFA, as forças de segurança francesas garantem que não haverá adeptos do Benfica no Vélodrome (nem nas imediações), em Marselha. O clube português reagiu negando o acesso dos adeptos franceses ao Estádio da Luz. Situação potencialmente explosiva, com a polícia portuguesa a preparar um jogo de risco elevado.

O presidente do Olympique, Pablo Longoria, critica o Benfica e assume que poderá, por solidariedade, não comparecer ao jogo. Longoria teme pela segurança dos milhares de adeptos franceses, mas o “cadastro” dos ultras portugueses, sobretudo depois dos episódios de violência de Milão, San Sebastián e Toulouse, terá sido determinante para uma proibição decidida, em nome da segurança pública, pela Prefecture de la Police de Bouches-du-Rhône.

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