Ministra pede que “ideias retrógradas” não impeçam Forças Armadas de contar com todos

Helena Carreiras diz que, nos “50 anos do 25 de Abril, devemos orgulhar-nos colectivamente, e relembrar ao mundo o papel central das Forças Armadas no processo que trouxe a democracia ao nosso país”.

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Helena Carreiras foi a primeira mulher a desempenhar as funções de ministra da Defesa Nacional Nuno Ferreira Santos
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A ministra da Defesa pediu esta segunda-feira que as "ideias retrógradas e a intolerância de alguns" não impeçam as Forças Armadas de contar "com o talento e competência de todos", lembrando que foi a primeira mulher a ocupar o cargo.

"Importa relembrar que o valor da igualdade é um dos valores constitucionais que jurámos defender e que não se pode defender um valor que não se assume e não se exerce. As Forças Armadas têm feito aqui um notável caminho e são um exemplo para a sociedade. Desejo que esse legado possa ser ampliado. Não deixemos que as ideias retrógradas e a intolerância de alguns nos impeçam de contar com o talento e a competência de todos os que querem servir Portugal nas suas Forças Armadas", defendeu.

Helena Carreiras falava numa cerimónia militar de despedida das Forças Armadas realizada esta manhã, em Belém, naquele que foi o seu último acto público enquanto ministra da Defesa.

Na sua intervenção, a governante manifestou orgulho por ter sido a primeira mulher a ocupar estas funções e enumerou um conjunto de medidas tomadas durante o seu mandato, como o aumento de verbas para a Defesa no Orçamento do Estado, o cumprimento de metas no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) ou ainda a ajuda prestada à Ucrânia.

Helena Carreiras agradeceu também aos actuais chefes militares "a frontalidade" nas relações institucionais que tiveram.

"Por saberem que a persistência e a serenidade devem vingar para além da espuma dos dias, que o ruído das circunstâncias não deve desviar-nos da rota. Por saberem que isso se faz assumindo responsabilidades, fazendo mudanças e não apenas esperando que mudanças nos sejam sugeridas ou que as ideias venham de fora", afirmou.

A governante apelou ainda aos chefes militares para que resistam, "como até aqui, às profecias auto-realizadas e às visões catastrofistas dos engenheiros do caos, para continuar a encarar de frente, em articulação com a tutela, os inúmeros desafios da Defesa Nacional".

"No ano em que celebramos 50 anos do 25 de Abril, devemos orgulhar-nos colectivamente, e relembrar ao mundo o papel central das Forças Armadas no processo que trouxe a Democracia ao nosso país. E como souberam exemplarmente encontrar o seu lugar na ordem constitucional, jurando sempre defender a pátria com risco da própria vida. E defender a pátria é hoje, mais que nunca, defender a democracia", rematou.

Maria Helena Chaves Carreiras, de 58 anos, é especialista em Sociologia Militar e professora universitária, com obra publicada sobre as mulheres nas Forças Armadas, e foi a primeira mulher a dirigir o Instituto da Defesa Nacional (IDN).

O presidente do CDS-PP, Nuno Melo, vai ser o próximo ministro da Defesa Nacional no XXIV Governo Constitucional, liderado pelo social-democrata Luís Montenegro, que toma posse na terça-feira.

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