Negociações para cessar-fogo em Gaza prosseguem no Cairo

Representantes da Mossad e Shin Bet chegam ao Cairo para debater cessar-fogo em Gaza. Negociações foram retomadas há uma semana. Hamas impõe cessar-fogo integral, Israel recusa.

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Crianças palestinianas deslocadas, que fugiram de casas com as famílias devido aos ataques israelitas, caminham junto à vedação da fronteira com o Egipto, em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, a 30 de Março EPA/HAITHAM IMAD
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As negociações para um cessar-fogo na Faixa de Gaza vão prosseguir este domingo, 31 de Março, no Cairo, com a participação de uma delegação israelita, que integra representantes dos serviços de segurança — Mossad e Shin Bet — e do exército.

De acordo com fontes de segurança egípcias, citadas pela agência EFE, a delegação de Israel chegará este domingo ao Cairo. As mesmas fontes, que pediram anonimato, por questões de segurança, dizem que “a delegação israelita chega amanhã [domingo] ao Cairo para concluir as negociações sobre os reféns” detidos pelo grupo islamita Hamas na Faixa de Gaza.

Na sexta-feira, o gabinete do primeiro-ministro de Israel confirmou que uma delegação israelita iria viajar em breve para Doha e o Cairo, tendo em vista a continuação das negociações, embora não tenha revelado datas.

As negociações, mediadas pelo Qatar, o Egipto e os Estados Unidos da América, foram retomadas há uma semana, após um longo impasse, embora o Hamas tenha voltado a impor, como condições, um cessar-fogo “integral” na Faixa de Gaza, o regresso dos deslocados e a retirada das tropas israelitas, algo que Israel voltou a qualificar, na terça-feira, como exigências “delirantes”.

França, Egipto e Jordânia acordaram trabalhar em conjunto para alcançar um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza, anunciou este sábado o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Stéphane Séjouré, numa conferência de imprensa no Cairo com os seus homólogos egípcio e jordano. Na mesma ocasião, o governante destacou os “esforços conjuntos europeus e árabes para sair da crise” no enclave palestiniano, e sublinhou a rejeição “contra qualquer acção militar na cidade palestiniana de Rafah”.

O chefe da diplomacia francesa apelou à abertura das passagens fronteiriças para a entrada de ajuda em Gaza e à libertação de reféns sem condições, ao mesmo tempo que sublinhou a possibilidade de “tomar medidas adicionais contra os colonos israelitas”. O seu homólogo egípcio, Sameh Shukri reiterou a recusa em deslocar os palestinianos das suas terras e a oposição à operação militar em Rafah, no Sul da faixa de Gaza, onde estão concentrados 1,4 milhões de civis, anunciada por Israel.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Jordânia, Ayman Safadi, denunciou os bloqueios ao fornecimento de alimentos e medicamentos à população de Gaza, algo que classificou como “uma decisão política de um governo extremista que decidiu usar a fome como arma”.

“Podemos resolver a fome do povo de Gaza num espaço de tempo muito curto, mas é necessário que Israel abra as fronteiras e passagens terrestres para trazer ajuda do Egipto e do reino [da Jordânia]; e pare de impedir que a ajuda chegue ao interior [do território]”, acrescentou.

Egipto, França e Jordânia têm desenvolvido várias acções conjuntas para a entrega de ajuda humanitária na Faixa de Gaza por terra, mar e ar desde que o conflito rebentou.

O número de mortos na Faixa de Gaza, sitiada há quase seis meses por Israel, aumentou este sábado para 32.705, aos quais se juntam 75.190 feridos, dos quais mais de 70% são mulheres e crianças, devido a intensos bombardeamentos e ataques em todo o enclave palestiniano.

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