Preços do cacau já duplicaram desde o início do ano e continuam a bater recordes

As condições climatéricas adversas têm estragado as colheitas de cacau na Costa do Marfim e no Gana, principais produtores do mundo, levando os preços da matéria-prima a disparar nos últimos meses.

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As condições climatéricas adversas têm impactado as colheitas dos principais produtores de cacau do mundo Reuters/AKINTUNDE AKINLEYE
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As quebras na oferta provocadas pelas fracas colheitas nos principais produtores mundiais continuam a pesar sobre os preços do cacau, que em apenas três meses mais do que duplicaram e estão a registar recordes sucessivos. Esta semana, o preço da matéria-prima ultrapassou, pela primeira vez, a fasquia dos 9000 dólares por tonelada e a expectativa é que os aumentos continuem nos próximos meses.

Por esta altura, os contratos de futuros de cacau estão a negociar-se, em Nova Iorque, na casa dos 9200 dólares (perto de 8500 euros, à cotação actual) por tonelada, mas, na sessão desta terça-feira, chegaram a tocar nos 9553 dólares, um novo recorde. Já os contratos negociados em Londres, que servem de referência para o mercado europeu, chegaram a atingir as 8000 libras (mais de 9300 euros) por tonelada e negoceiam-se agora nas 7700 libras.

Assim, só desde o início deste ano, e tanto em Londres como em Nova Iorque, os preços desta matéria-prima aumentaram mais de 120%, o que tem levado a um encarecimento expressivo dos chocolates.

Na origem deste movimento estão as condições climatéricas adversas, que têm estragado as colheitas nos principais países produtores de cacau, um fenómeno que tem afectado, particularmente, a Costa do Marfim e o Gana, os dois maiores produtores mundiais. A isso, somam-se doenças que têm afectado os grãos de cacau e que também contribuem para a diminuição da oferta, agravando a subida dos preços.

E a expectativa dos analistas, se as doenças dos cacaueiros e condições climatéricas adversas se mantiverem, é que os preços continuem a aumentar até ao próximo ano. "Tivemos alguns anos de fortes subidas de preços no chocolate e, tendencialmente, essa subida é acomodada no primeiro ano, tornando-se pior no segundo ano. Agora estamos no terceiro ano e será terrível", comenta um analista da Kepler Cheuvreux, citado pela Reuters.

É neste contexto que algumas das maiores empresas mundiais do ramo, como a Mondelez ou a Hershey, têm optado por avançar com promoções ou lançar mais produtos sem chocolate nesta época de Páscoa. À Reuters, um porta-voz da Mondelez, que detém marcas como a Milka ou a Oreo, explica ainda que a empresa está a "alterar o peso dos produtos" (a chamada "reduflação", em que os preços se mantêm, mas a quantidade do produto diminui).

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