Portugal defronta a Eslovénia com um ensaio aqui e uns testes acolá

Alguns dos convocados da selecção nacional vão “jogar pela vida”, no que ao Euro 2024 diz respeito. O próprio seleccionador reconhece que quer observar individualmente alguns jogadores.

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Selecção portuguesa a treinar na Cidade do Futebol LUSA/MIGUEL A. LOPES
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Nesta terça-feira, o jogo particular entre Eslovénia e Portugal (19h45, RTP1) não é a mesma coisa para todos. Para uns, é a última oportunidade de agarrarem um mero lugar no Euro 2024 – mesmo que no fundo do banco de suplentes. Para outros, é a possibilidade de mostrarem que estão na luta pelo “onze” e que dominam os preceitos tácticos perfeitos para o que Roberto Martínez quer fazer.

A selecção portuguesa vai, em teoria, jogar em duas velocidades, pelo menos no que diz respeito aos objectivos pessoais de quem entrar em campo e, por extensão, à meta global da equipa – num jogo “a sério” trata-se de vencer, mas, num jogo deste tipo, os objectivos são mais variados.

Já deu para perceber que o seleccionador nacional olha para estes particulares de Março como últimos testes a elementos “de fora” do grupo habitual. Isto equivale a dizer que, nos jogos de Junho, haverá, provavelmente, uma índole mais “profissional” nos jogos particulares, no sentido em que se tratará mais de afinar a equipa para o Euro 2024 do que de testar novidades de última hora no lote de convocados.

Nessa medida, o duelo frente à Eslovénia será mais um palco possível para Jota Silva, Bruma, Dany Mota, Gonçalo Inácio ou Francisco Conceição somarem argumentos – mesmo que nem todos estejam em fases iguais do percurso na selecção.

Mas este jogo não será só um teste individual aos novatos. Há consagrados cuja ida ao Euro estará garantida, mas presença no “onze” ainda está por assegurar.

Leão diferente de Félix

A dinâmica que Martínez criou para explorar Rafael Leão prevê um lateral por dentro à esquerda, como médio, e dois alas abertos no quinteto da frente: Leão à esquerda e um lateral projectado à direita.

Este desenho permite explorar melhor o ala do AC Milan e aproveitar dinâmicas interiores de Cancelo, Guerreiro ou Dalot nos seus clubes, mas cria, em teoria, um problema a João Félix – cuja posição a partir da meia-esquerda deixa de existir.

Pode actuar como um segundo avançado, abdicando Martínez de um dos médios? Pode. Mas Félix e Leão parecem, no plano teórico, difíceis de conciliar enquanto ambos forem vistos como jogadores a explorar a partir do corredor esquerdo – mesmo que um por dentro e outro mais em largura.

Nessa medida, a lista mutável de Martínez, que trocou oito jogadores entre a Suécia e a Eslovénia, prevê, por exemplo, a saída de Leão e entrada de Félix, o que adensa ainda mais a expectativa de ser testada uma solução diferente, com Félix, da testada com Leão. Também Vitinha e Otávio são outros dos consagrados que podem fazer pela vida na Eslovénia, já que terão o Euro garantido, mas a titularidade bem longe disso.

A nível táctico é difícil olhar para a Eslovénia como um ensaio, já que o sistema de Portugal está, nesta fase, consolidado pela diversidade: é um 4x3x3, mas é em simultâneo um 3x4x3, um 4x4x2 ou um 3x2x5, dependendo da posição dos médios, dos laterais e dos alas na saída de bola e no ataque posicional.

Em suma, o jogo português é, nesta fase, mais ditado por dinamismo do que por rigidez ao sistema e o plano deverá ser continuar a trabalhar nessa lógica – mesmo que jogadores como Cancelo, Dalot, Félix, Vitinha ou Otávio possam trazer, para este jogo, ideias diferentes das de Semedo, Mendes, Leão, Matheus ou Bernardo.

Na antevisão da partida, Martínez assinalou precisamente estes dois lados: o de observação individual e o de consolidação colectiva. “Antes de ser conhecida a lista final tudo pode acontecer”, começou por dizer. E detalhou: “Este é o último jogo antes da lista e é importante apanhar informação individual de jogadores que estão aqui e trabalhar conceitos e sincronizações”.

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