Descida da Cruz terá custado 1,1 milhões e deverá ficar no Museu Soares dos Reis

Termos do futuro protocolo entre o Estado e a nova proprietária da pintura de Domingos Sequeira, a Fundação Livraria Lello, estão ainda a ser negociados. Obra poderá ser exposta em diversos locais.

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Pormenor da pintura Descida da Cruz (1827-1828), de Domingos Sequeira Rui Gaudêncio
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A pintura Descida da Cruz, de Domingos Sequeira, comprada a 10 de Março na feira de arte e antiguidades de Maastricht e hoje propriedade da Fundação Livraria Lello, deverá mesmo ficar em depósito no Museu Nacional Soares dos Reis, no Porto.

A obra adquirida por intervenção do advogado Avelino Pedro Pinto investidor responsável pelo Grupo Lionesa e que em 2015 assumiu a maioria do capital social da histórica livraria do Porto que dá nome à fundação terá custado 1,1 milhões de euros. O montante que, para efeitos de seguro, constava do pedido de expedição da pintura que permitiu a sua polémica saída do país era de 1,2 milhões.

O PÚBLICO obteve as informações relativas ao museu destinatário do depósito da obra e ao seu valor de aquisição junto de uma fonte que acompanha o processo e que preferiu manter o anonimato. Proprietário e Ministério da Cultura não confirmaram.

Desde que foi tornada pública a identidade da nova proprietária desta importante pintura de Domingos Sequeira, era dado como praticamente certo que o empréstimo de longa duração (depósito) seria feito ao museu portuense. A Livraria Lello é hoje uma das principais atracções culturais do Porto e muitos dos interesses imobiliários de Pedro Pinto estão ancorados nesta cidade a que o empresário passou a chamar casa a partir dos dez anos. O Soares dos Reis, por seu lado, sendo o único museu nacional da cidade, tem uma colecção que, dada a sua natureza, poderá acomodar sem estranheza esta obra tardia de Domingos Sequeira (1768-1837), embora vários historiadores de arte defendam que deveria ser confiada ao Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), em Lisboa.

É ao acervo do MNAA que pertence a Adoração dos Magos, uma das quatro pinturas da série de final de carreira de que a Descida da Cruz, executada em Roma em 1827-1828, faz parte, bem como os seus quatro estudos preparatórios de maior importância.

Esperava-se que o destino e o valor de aquisição da obra tivessem sido divulgados na quarta-feira, no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, no decorrer da sessão de assinatura do memorando de entendimento entre a Museus e Monumentos de Portugal (MMP) e a Fundação Livraria Lello com vista à exposição pública da pintura num museu nacional. Mas o encontro, que contou com a presença do ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, e com Avelino Pedro Pinto, mulher e filho todos membros do conselho de curadores da fundação foi parco em novidades.

Contactados ao início desta tarde através dos seus assessores de comunicação, Adão e Silva e Pedro Sobrado, presidente da MMP, optaram por não fazer qualquer comentário, remetendo o PÚBLICO para as declarações que ambos fizeram na sessão da Ajuda. A presidente da Fundação Livraria Lello, Rita Marques, fez o mesmo, dizendo a sua assessora que “só mais próximo do dia 18 de Maio será oportuno voltar a falar sobre o tema”.

A 18 de Maio, Dia Internacional dos Museus, a Descida da Cruz será mostrada pela primeira vez em público depois do seu regresso a Portugal no Mosteiro de Leça do Balio, sede da Fundação Lello.

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