Três artistas e três formas de arte num jardim etéreo

Desde Janeiro que a Galeria Municipal Jovem em Vila Franca de Xira tem em exposição Ethereal Garden, de Aheneah, ZIKI e Maria Brito. A natureza, em forma abstracta, é a inspiração dos três artistas.

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Os artistas receberam a proposta de exposição pela Galeria Municipal Jovem DR
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Aheneah apresenta peças têxteis com inspirações da natureza DR
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ZIKI criou os bouquets abstratos, estreando-se na escultura DR
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O espaço foi pensado e organizado por Maria Brito DR
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É na Galeria Municipal Jovem, no Palácio da Quinta Municipal da Piedade, em Vila Franca de Xira, que é possível encontrar a nova exposição conjunta de Aheneah (Ana Martins), ZIKI e Maria Brito.

Os três partilham inspirações e métodos de trabalho e ​uniram esforços para dar vida e cor a um jardim desconstruído. Ethereal Garden é uma junção de luz, cor, forma e espaço através dos diferentes estilos de fazer arte de cada um dos artistas. Enquanto Aheneah se atirou às criações têxteis, com o ponto-cruz como principal aliado, ZIKI estreia-se na escultura e Maria Brito une todas as peças dentro do espaço da galeria, criando uma narrativa linear e um cenário coeso.

A natureza e a sua beleza enigmática guiam o processo artístico de cada um dos artistas e foi a cola que os uniu neste projecto. Ao P3, ZIKI contou que os aspectos “não propriamente figurativos, memórias e sentimentos” que a natureza transmite são o principal foco da exposição, para além de elementos como a luz, reflexos, o calor do pôr-do-sol e, principalmente, as flores. No entanto, tudo é representado através de uma visão “um bocado abstracta” mas que se torna natural dentro do espaço da galeria.

ZIKI, ou João, estreou-se na escultura para esta exposição. O artista, 28 anos, tem como base o graffiti e a tipografia, com que já trabalha profissionalmente há mais de dez anos. Do graffiti, trouxe para a exposição “a atitude”, deixando a minúcia com o detalhe num plano mais secundário e entregando-se a uma criação mais “fluida” e “despreocupada”: “Sinto que consegui fazer uma coisa mais expressiva e que me saiu naturalmente. Passei vários dias no meu atelier praticamente só a brincar com formas, com cores, com ferramentas para criar depois estes bouquets que são construídos com toda a sorte de materiais, pintados de maneiras diferentes, com texturas variadas… Parece um processo que nem é muito pensado mas que no final, tudo está em harmonia”, acrescenta.

Em harmonia estão também os três estilos de cada um dos intervenientes na exposição. Apesar de “contrastantes”, ZIKI revela que Maria Brito, responsável pela cenografia do trabalho, conseguiu criar um fio condutor e um ambiente que une as três formas de expressão: têxtil, escultórica e de espaço. Tudo culmina num momento final, na exposição, que está disponível para visita, de forma completamente gratuita, até 24 de Março. “É uma descoberta dos três”, salienta ZIKI.

A exposição inaugurou-se a 27 de Janeiro. “O feedback que temos recebido tem sido excelente, dirigidos especialmente à organização da exposição. Acabam por nos dizer que tudo faz sentido e que todos os elementos se ligam uns aos outros, num conjunto coeso e muito impactante”, revela o artista.

Já ZIKI pretende explorar mais materiais, formas e composições de cor. A sua estreia na escultura espicaçou também a vontade de realizar intervenções em espaço público com o mesmo tipo de linguagem. “Este foi um trabalho muito mais expressivo e menos regrado, que é o oposto do meu trabalho normal. Gostei desta liberdade, agora vamos ver o que me espera no futuro”, considera.

Texto editado por Renata Monteiro

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