Raios-X ao Marselha, próximo adversário do Benfica na Europa

Desde que trocou Gennaro Gattuso por Jean-Louis Gasset, o 4x3x3 do Marselha venceu todos os jogos, com excepção do último, frente ao Villarreal, no qual tinha vantagem confortável na eliminatória.

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Pierre-Emerick Aubameyang, o jogador mais renomado do Marselha EPA/GUILLAUME HORCAJUELO
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Alguma variabilidade táctica, um par de estrelas e um novo treinador com um início fulgurante. Em traços gerais, é disto que se faz o actual Olympique Marselha, o próximo adversário do Benfica na Liga Europa.

Quando se olha na diagonal para o plantel da equipa francesa saltam à vista nomes como Aubameyang, Veretout, Mbemba, Ounahi, Kondogbia ou Correa. Isso sugere que é uma equipa individualmente rica, mas nem todos estão no seu nível máximo e nem todos têm, no Marselha actual, uma relevância grande.

Desde que trocou Gennaro Gattuso por Jean-Louis Gasset, o Marselha venceu todos os jogos, com excepção da última partida, frente ao Villarreal, de contornos particulares – havia vantagem confortável na eliminatória.

O ex-técnico da Costa do Marfim tem apostado num 4x3x3 com três jogadores muito rápidos na frente, mas o preceito de jogo não passa por um bloco baixo refém da velocidade dos atacantes em transições.

A equipa consegue envolver criativos no processo ofensivo e está longe de ser unidimensional. Com o internacional francês Clauss pelo corredor direito, tem um lateral de enorme propensão ofensiva e com “perfume” nas botas – será, por certo, um jogador capaz de castigar as parcas descidas de Di María ou Neres, algo que poderá sugerir a Roger Schmidt o regresso de Aurnses à ala-direita. É o jogador da Liga Europa com mais ocasiões flagrantes criadas.

Por outro lado, Clauss mostra ser, por vezes, um jogador algo “suicida”, sobretudo quando se lança em movimentos ofensivos por zonas interiores. Havendo perda de bola nessa zona mais congestionada, deixa o Marselha “coxo”, algo que Neres, Di María ou mesmo Rafa, descaindo para esse lado, poderão explorar com qualidade.

Depois, existe Harit no meio-campo ofensivo, jogador de recorte técnico fino e capaz de jogar entre linhas e definir bem para os atacantes, sendo o jogador da Liga Europa com mais lances de ataque criados.

No trio da frente, a estrela, Aubameyang, está, curiosamente, a regressar a uma função diferente do que seria suposto. Apesar dos 34 anos, tem sido utilizado novamente como avançado interior, da esquerda para o meio, num regresso às tarefas nas quais se tornou famoso – mais do que como o avançado mais clássico que se tornou nos últimos anos.

Do lado oposto, Sarr não actua como falso extremo, como “Auba”, sendo um jogador mais forte em movimentos exteriores – tem feito uma parelha relevante com Clauss, até pela capacidade do lateral em desequilibrar pelo meio.

Há até um dado curioso que remete para uma considerável preferência do Marselha de ataques pelo lado direito, o que bate certo com a presença de jogadores como Clauss e Sarr desse lado e com Aubameyang, do lado oposto, a ser usado mais em situações de isolamento em um contra um e a surgir na zona central a finalizar jogadas criadas do lado oposto.

Este 4x3x3 é, ainda assim, um sistema mutável. A equipa já apostou mais do que uma vez num 5x3x2, até pela polivalência de jogadores como Clauss, Kondogbia ou Aubameyang.

Por fim, nota para dois dados que podem ter relevo: o Marselha é uma equipa que concede bastantes remates aos adversários dado o volume de jogo que tem e é uma equipa que concede mais golos do que seria suposto, em relação aos golos esperados contra. Em suma, não é uma equipa de força defensiva tremenda, ainda que estes dados gerais da temporada possam estar “contaminados” pelo período Gattuso e com pouco espelho no novo Marselha de Gasset.

Em todo o caso, não é improvável haver nova aposta no 5x3x2, até pela força distinta do Benfica em relação a adversários da Liga francesa.

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