Nova Estação de Alta Velocidade de Coimbra-Sul propõe revolução urbana e ambiental

Fazer a estação em Coimbra Sul, no exacto ponto de interseção da LAV e da Linha do Norte, poupa impactos e dezenas de milhões de euros ao erário público.

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Coimbra enfrenta uma decisão crítica sobre a localização da sua nova estação ferroviária para a Linha de Alta Velocidade (LAV). A proposta atual é a de construção de um ramal com 16 km de extensão situando-se a estação em Coimbra B-Loreto, integrada no novo "Bairro da Estação" onde sobressaem torres de 14 andares, desenhado por Joan Busquets. A estação da LAV tem um potencial catalisador para o repensar do urbanismo, mobilidade local, ecologia e coesão social de Coimbra.

Ao invés disso, tem sido alvo de forte contestação devido não apenas ao seu custo de construção e manutenção, mas também ao impacto ambiental e social associados. Face à controvérsia do ramal de Coimbra, a consulta da Associação Portuguesa do Ambiente sobre o estudo de impacto ambiental no troço Oiã-Soure registou um recorde de 996 participações. Também várias petições online, em Aveiro e Coimbra com milhares de assinaturas, destacam os impactos sobre a Mata Nacional do Choupal, as terras agrícolas do IPC/Escola Agrária e as residências ao longo do ramal. Centenas de árvores arrancadas, ecossistemas vivos eliminados, produção biológica obliterada, mais de cem propriedades danificadas, 70 casas demolidas com expulsão das famílias. Os riscos de inundação, potenciados pela implantação de edifícios de grandes dimensões na planície aluvial do Mondego, como o presidente da câmara alertou recentemente, adicionam preocupações sobre a viabilidade e segurança da solução.

Neste contexto polémico, emerge a alternativa de Casais do Campo, ou Coimbra Sul, situando-se a estação a quatro quilómetros, ou 5 ou 6 minutos, da Baixa e de Coimbra B, com mínimos impactos económicos e socioambientais. Permite uma integração perfeita com o novo sistema de mobilidade de Coimbra e conduz à requalificação da Via Rápida Bencanta-Taveiro (VRBT). Esta via, inóspita, sempre congestionada e poluída, seria transformada numa via urbana moderna, funcionando como um elegante boulevard de entrada na cidade dotada de metrobus, passadeiras semaforizadas, passeios pedonais e ciclovias.

Coimbra Sul, no exacto ponto de interseção da LAV e da Linha do Norte (LN), poupa impactos e dezenas de milhões de euros ao erário público por dispensar o dito ramal da LAV. Coloca Coimbra, que a rigor está fora, no mapa da LAV, aumentando o número de comboios Lisboa-Porto a parar na cidade! Respeita os ecossistemas vivos do Choupal, envolve a comunidade, cuida do bem-estar de 30 mil pessoas que residem ou trabalham ao longo da VRBT. Transformar esta via num espaço humanizado e ecológico reforçaria Coimbra como novo paradigma de coesão urbana.

Decisores políticos e munícipes estão diante uma escolha entre aderir a um modelo urbano passadista, associado à especulação imobiliária, a um elevado impacto ambiental e criação de risco de desastres; e abraçar uma visão de futuro sustentável, adaptada às alterações climáticas, inclusiva e resiliente. A história de Coimbra está num ponto de viragem e as decisões tomadas hoje definirão o seu futuro.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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