Primeiro líder da IL sobre resultados: “Falhámos e isso deve fazer-nos reflectir”

Para Miguel Ferreira da Silva, é “impensável” a IL integrar um governo com a AD sem garantir a descida do “IRS para dois escalões” e diz que a ausência de Carla Castro foi notada durante a campanha.

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Miguel Ferreira da Silva, primeiro presidente da Iniciativa Liberal Nuno Ferreira Santos
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Miguel Ferreira da Silva, primeiro presidente da Iniciativa Liberal, considera que o partido falhou “no objectivo traçado” e que, por isso, deve “reflectir” — o que inclui uma reflexão sobre a continuidade de Rui Rocha como líder. Considera “impensável” a IL integrar um governo com a AD sem garantir a descida do “IRS para dois escalões” e diz que foi sentida a “falta de Carla Castro”, cuja presença teria garantido “um resultado melhor”.

No passado domingo, os liberais elegeram oito deputados. A meta, não alcançada, eram 12 — ou seja, um crescimento de 50%. A IL elegeu pela primeira vez no distrito de Aveiro, mas perdeu um deputado pelo de Lisboa. Em números absolutos, cresceu cerca de 43 mil votos face a 2022 e, no distrito de Braga — por onde Rui Rocha concorreu — aumentou os votos em 50%. Na noite eleitoral, Rocha não cantou vitória nem derrota, focando o seu discurso no facto de o partido se ter “consolidado como quarta força política”.

No entender de Ferreira da Silva, a IL não deve festejar, mas “reflectir”. Ao PÚBLICO, o também deputado municipal liberal por Lisboa considera que o seu partido “falhou o objectivo traçado” para estas eleições, desconsiderando-o e referindo-se-lhe como nem tendo sido “muito ambicioso”. “A última coisa que faltava era a IL substituir o PCP a cantar vitória mesmo quando perde”, diz, notando que em Lisboa o partido “não só não cresceu” como perdeu “votos e representação”.

“Apesar do esforço, a estratégia não tem funcionado. Neste caso é particularmente preocupante para qualquer liberal pois há um avanço grande de correntes não só não-liberais como antiliberais”, considera.

Questionado sobre se Rui Rocha se deve demitir, não responde directamente que sim, mas dá-o a entender. “Na IL, por regra, não debatemos pessoas, mas ideias”, começou por dizer. “A estratégia que esta direcção apresentou (…) falhou e obviamente tem que haver reflexão e temos de mudá-la”, concluiu. Na noite eleitoral, dado não ter atingido os 12 deputados, Rui Rocha foi questionado sobre se se demitiria, ao que respondeu que se sentia com “enorme energia para continuar a defender as ideias liberais”.

Também sobre as condições de negociação para um eventual governo AD-IL o ex-líder tem algo a dizer. Tendo Rocha “recusado o acordo pré-eleitoral [com o PSD] onde podia avançar políticas liberais” — ao qual Ferreira da Silva era favorável —, é “impensável” que a IL integre um eventual governo sem exigir a “descida do IRS para dois escalões”, disse ao PÚBLICO. “Impõe-se que pelo menos esta medida seja de aplicação imediata e não ao longo de não sei quantos anos”, completou.

Por fim, recorda o convite feito a Carla Castro — para lugar inelegível na lista pela capital — e diz que o facto de não se ter “elegido o quarto por Lisboa” o torna “ainda mais grave. “Num certo sentido, julgo que sentimos todos a falta da Carla Castro para conseguirmos um resultado melhor”, concluiu.

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