FC Porto teve coragem, mas faltou fortuna em Londres

Os portistas voltaram a jogar olhos nos olhos com o Arsenal, mas foram afastados da Liga dos Campeões no desempate por grandes penalidades.

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Pepe foi titular pelo FC Porto em Londres Reuters/Andrew Boyers
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Durante 120 minutos, o FC Porto jogou sempre olhos nos olhos com o líder da Premier League e, mais uma vez, mostrou que se transcende nos grandes momentos, mas tal como aconteceu na época passada, os “dragões” caíram nos oitavos-de-final da Liga dos Campeões. No Emirates Stadium, a equipa portista mostrou coragem e voltou a não ser inferior ao Arsenal, mas um golo do belga Leandro Trossard, na primeira parte, empatou uma eliminatória, que teve de ser decidida no desempate por grandes penalidades. Aí, a fortuna foi inglesa: na semana em que foram convocados para a selecção do Brasil, Wendell e Galeno foram os únicos que falharam, entregando o apuramento ao Arsenal.

Vinte dias depois de um duelo no Porto em que houve respeito de ambos os lados, mas onde mais uma jogada de inspiração na Liga dos Campeões de Galeno fez toda a diferença, o anúncio das equipas mostrou que nenhum técnico tinha preparado qualquer surpresa nas escolhas iniciais. Em relação ao primeiro jogo, apenas nos “gunners” havia uma mudança, que era uma boa notícia para os “dragões”: por lesão, Martinelli deu o seu lugar a Jorginho.

Se no xadrez do relvado do Emirates as peças estavam nos lugares esperados, a nível estratégico Sérgio Conceição pareceu voltar a surpreender Mikel Arteta. Após organizar-se no Porto preferencialmente num 4x1x4x1, em Londres os “dragões” não ficaram à espera do Arsenal.

Sendo fiel ao FC Porto de Conceição que habitualmente se tem visto nos jogos “grandes”, foi a equipa portuguesa que mandou na primeira dezena de minutos: com o líder da Premier League passivo q.b., os portistas chegaram ao minuto 10 com 61% de posse de bola e com superioridade em ataques (4-2).

Porém, perante um rival com a qualidade do Arsenal, bastaram erros de Otávio e de Wendell em zonas proibidas para que os ingleses criassem os primeiros momentos de desconforto para o FC Porto – só ao fim de mais de 100 minutos da eliminatória, Saka fez o primeiro remate enquadrado dos “gunners” nos “oitavos”.

Apesar das ameaças, os “azuis e brancos” não se encolheram. Na resposta, Evanilson colocou em sentido por duas vezes (16’ e 21’) o espanhol David Raya. A partir daí, a partida ficou sem uma tendência definida, embora o Arsenal mostrasse mais acutilância ofensiva e, aos 29’, um corte de Pepe evitou que Havertz ficasse em situação privilegiada para marcar.

Até aí, o FC Porto mantinha-se estável e bem organizado, sem passar por momentos de sufoco. Todavia, quando se tem na equipa jogadores da qualidade de Odegaard, basta meio palmo livre para desenhar um golo: aos 41’, o norueguês combinou com Trossard e, com um passe exemplar, ofereceu ao belga a oportunidade de bater com o seu pé esquerdo Diogo Costa.

Sem vantagem na luta pelo apuramento para qualquer equipa, a segunda parte arrancou com um FC Porto novamente audaz. Mesmo sem conseguirem criar oportunidades, os “dragões” tiveram o domínio nos primeiros 20 minutos, mas, como tinha acontecido no início da primeira parte, uma falha defensiva podia ter sido fatal para os portistas: aos 67’, Pepe e Diogo Costa não se entenderam e a bola acabou no fundo da baliza do FC Porto – o golo seria de Odegaard -, mas o lance foi invalidado por falta de Havertz.

Ao susto, a equipa portuense respondeu três minutos depois com uma grande oportunidade, mas, num contra-ataque de três contra três, Francisco Conceição procurou resolver tudo sozinho, permitindo a defesa de Raya.

Com a partida tensa e muita equilibrada, apenas aos 83’ um dos técnicos mexeu na sua equipa, mas poucos segundos bastaram para Gabriel Jesus ter impacto no jogo: com uma grande defesa, Diogo Costa impediu que o brasileiro marcasse no seu primeiro remate e evitasse o prolongamento.

Para os 30 minutos extra, o FC Porto teve a má notícia da saída por lesão de um dos seus pilares (Alan Varela), mas, mesmo não tendo no banco as soluções de qualidade do adversário – Arteta não utilizou, por exemplo, Fábio Vieira e Thomas Partey -, foi o Arsenal que nunca mostrou coragem para correr grandes riscos.

Assim, fazendo justiça ao equilíbrio de toda a eliminatória, tudo ficou por decidir no desempate por grandes penalidades, onde a fortuna foi inglesa. Dos oito jogadores que assumiram a responsabilidade de marcar os penáltis, apenas Wendell e Galeno falharam, ditando o afastamento de uma equipa portista que caiu no Emirates de cabeça erguida.

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