Maria Teresa Horta. Homens e mulheres estão "muito longe" de ter os mesmos direitos

A autora de as Novas Cartas Portuguesas é a directora por um dia no 34º. aniversário do PÚBLICO.

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Em Março de 1974, Maria Teresa Horta era uma figura pública fortemente associada ao combate ao Estado Novo e à luta pelos direitos das mulheres. Jornalista, escritora, poetisa, ex-membro do grupo Poesia 61, tinha 37 anos, sete livros de poesia publicados —​ o primeiro, Espelho Inicial, em 1960 — e era uma das três autoras de um livro revolucionário, Novas Cartas Portuguesas, com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, onde alertavam para a condição da mulher em Portugal. Publicado em 1972, causou escândalo nacional e pouco depois seria traduzido para francês e inglês. Iniciou-se um processo judicial e havia julgamento marcado para 25 de Abril desse ano de 74, justamente no dia em que o antigo regime caiu.

As Três Marias — assim ficaram conhecidas — acabaram por ser ilibadas e Maria Teresa Horta, a única das três ainda viva, pôde continuar a escrever, quase sempre sobre o corpo, o desejo, a sexualidade no feminino, bem como integrar movimentos ligados à luta pelos direitos das mulheres.

Aos 86 anos, muitos livros depois, entre poesia, contos e romance, vários prémios, continua a escrever diariamente no primeiro papel que apanha por perto e atenta ao que sempre a moveu, a luta, como refere nesta conversa em sua casa, rodeada por livros e memórias, depois de aceitar ser a directora da edição de aniversário dos 34 anos do PÚBLICO. “Sou jornalista”, diz, enquanto acede às instruções e ao tempo do fotógrafo.