Portugal leva mais de 300 produtores de vinho à maior feira vitivinícola do mundo

Portugal terá na ProWein, um dos maiores eventos de vinhos do mundo, na Alemanha, mais de 300 empresas. Metade no stand da ViniPortugal, a outra metade em stands por região. Poucos vão a solo.

Foto
Só através da ViniPortugal, que gere a marca Wines of Portugal, estarão presentes este ano na ProWein 150 expositores Sérgio Azenha
Ouça este artigo
00:00
06:23

Portugal terá na ProWein, uma das maiores feiras de vinhos do mundo, mais de 300 empresas. Só através da ViniPortugal, entidade que gere a marca "Wines of Portugal", estarão na edição deste ano do evento de Düsseldorf (Alemanha), entre 10 e 12 de Março, 150 expositores. Nessa representação, e segundo informação enviada ao PÚBLICO, já estão incluídos "stands colectivos" das regiões vitivinícolas de Lisboa (19 empresas), do Dão (12), da Península de Setúbal (sete) e da Madeira (cinco). Mas, depois, ainda há seis regiões que se organizaram – através das comissões vitivinícolas regionais e, no caso, do Douro, que leva a maior comitiva, do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) – para ter representação a solo / enquanto região, digamos assim: Douro (57 expositores), Vinhos Verdes (28), Alentejo (21), Tejo (15), Beira Interior (seis), Bairrada (cinco).

Quer estejam no grande espaço dos Vinhos de Portugal, quer estejam em nome próprio ou inseridos num stand de região, vários produtores terão ainda uma montra privilegiada para as suas marcas, muitas mais do que as três centenas de empresas portuguesas presentes na feira, e para os seus vinhos: uma programação que inclui "17 seminários" sobre os vinhos nacionais e "uma tasting área", onde estarão disponíveis para prova livre 90 referências nacionais.

Pelo espaço da ViniPortugal passarão masterclasses promovidas pelas regiões, como é o caso daquela que será dedicada aos vinhos da Beira Interior e que será orientada por Tiago Macena ou as sessões sobre "a plasticidade da Baga" e "o Dão, um clássico reinventado", igualmente ministradas pelo primeiro português a passar no exame prático final de acesso ao Master of Wine (Tiago está a um passo de conseguir o título mais desejado pelos profissionais do sector em todo o mundo).

Outros seminários darão conta, por exemplo, desse "legado de gerações" chamado vinho Madeira, dos tintos que Portugal produz com as suas castas autóctones, dos tintos únicos que se produzem na região de Lisboa ou da diversidade que oferecem os Vinhos Verdes. Serão, de resto, três os seminários sobre o vinho produzido na região, sendo que os outros dois serão orientados pelo sommelier e crítico de vinhos canadiano Justin Leone e pela reconhecida e galardoada sommelier e proprietária de uma escola de vinhos em Hamburgo Ina Finn.

Em comunicado, a presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), Dora Simões, explica que a aposta em marcar presença na ProWein visa "dar palco aos produtores" que ali "procuram incrementar o seu negócio de exportação e criar contactos estratégicos" e que a feira de Düsseldorf "é uma excelente oportunidade para aumentar as exportações de Vinho Verde no segmento premium".

Se é verdade que eventos como a ProWein são vistos como obrigatórios para regiões mais pequenas e / ou que ainda têm de se afirmar lá fora enquanto tal, também é verdade que para várias regiões que encaixam nesse perfil o investimento necessário para ir a feiras internacionais do nível da alemã ainda é um entrave. As que vão fazem-no aproveitando, muitas vezes, os apoios financeiros à promoção a que conseguem deitar mão.

Segundo apurou o PÚBLICO, um stand simples, com capacidade para expor cinco a seis produtores, mais viagens, mais estadia e outros custos para toda a comitiva, pode significar um investimento de 40 a 50 mil euros. E isso numa lógica de pacote, contratado a empresas que orbitam em torno de eventos como a ProWein e que oferecem uma espécie de chave na mão, que inclui até a customização dos stands.

Apesar dos custos elevados, a presença na ProWein é vista por muitos como obrigatória. E cerca de 20 empresas nacionais estarão mesmo na feira a título individual. Do Tejo, por exemplo, para além dos 15 que marcarão presença de forma colectiva, no stand da Comissão Vitivinícola Regional, outras nove empresas estarão na feira por sua conta e risco. Na sua maioria, produtores que fazem vinho em mais do que uma região, daí fazer mais sentido irem a solo, podendo mostrar todo o seu portefólio. É, de resto, dessa forma que chegarão ao evento terroirs como os de Lisboa ou do Algarve, que não vão de forma colectiva.

O Douro é a região que leva a maior representação, mas a feira em Düsseldorf é "uma prioridade" assumida pelo IVDP. "Porque as exportações representam uma parcela crucial no volume de vendas e facturação das empresas, a presença numa mostra como a ProWein acaba sempre por ser um momento privilegiado para reforçar a visibilidade dos nossos vinhos, internacionalizando e promovendo ainda mais a região demarcada do Douro”, justifica o presidente daquele instituto, Gilberto Igrejas, citado em comunicado.

A Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), que vai à ProWein há 16 anos, revelou há dias, em comunicado, que, pela primeira vez, também irá participar no evento a Agência Regional de Promoção Turística do Alentejo (ARPTA). Uma "aliança" para que, "além dos vinhos" – os 21 produtores do Alentejo levarão na bagagem 160 vinhos –, também a excelência do enoturismo da região esteja em destaque".

O investimento feito pela ViniPortugal na ProWein desde ano é de 902 mil euros, considerando "custos de stand, envio de vinhos, alimentação durante o dia na feira, gestão e logística do stand, bem como a divulgação dos produtores presentes" no espaço dos Vinhos de Portugal, explicou ao PÚBLICO o presidente da ViniPortugal, Frederico Falcão. Estadia e voos são suportados pelos produtores, que, de resto, 'só' têm de preparar a feira e preparar as reuniões que, salvo raras excepções, já levam agendadas.

Segundo Frederico Falcão, o financiamento da presença portuguesa assim de forma colectiva na ProWein "o é assegurado pelo projecto do mercado interno que suposta 68% dos custos da acção". Sendo que o investimento este ano é semelhante ao dos últimos anos, explica o mesmo responsável, sublinhando que este "é um momento de negócio importante", onde estão "comparadores de todo o mundo", o que faz da ProWein "um dos eventos mais relevantes no sector do vinho mundial". A Vinexpo Paris, que se realizou em Fevereiro, foi a outra aposta no plano da ViniPortugal para a ida a feiras internacionais. O orçamento específico para as duas participações com a marca Wines of Portugal é de 1,3 milhões de euros.

Em 2023, a ProWein alemã – hoje, há edição em São Paulo, no Brasil; assim como a Vinexpo viajou de Bordéus para Paris e hoje em dia tem também uma edição na Ásia – contou com 6.000 expositores, oriundos de 60 países, e recebeu 49.000 visitantes, de 141 nacionalidades distintas.

Artigo actualizado a 11/03/2024, pelas 14h: corrige-se a participação dos Vinhos Verdes (a região leva 28 produtores e não 29) e acrescentaram-se as declarações de Dora Simões.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários