Presidente da Kellogg sugere que se comam cereais ao jantar para poupar dinheiro
O multimilionário Gary Pilnick foi criticado na Internet, porque os preços dos cereais aumentaram 28% nos últimos quatro anos.
Nos EUA, a última campanha publicitária dos cereais Kellogg incitam os consumidores a darem "uma noite de folga à galinha" e a comerem uma taça de cereais. Mas o director-executivo da multinacional, Gary Pilnick foi mais longe e, numa entrevista à CNBC propôs que as famílias com maiores dificuldades consumam cereais ao jantar, de modo a pouparem, esquecendo-se que o preço dos cereais aumentou 28% nos últimos quatro anos.
Na Internet, as reacções não se fizeram esperar e houve quem comparasse Pilnick com Maria Antonieta, a quem se atribui a frase "Se o povo tem fome e não tem pão, que coma brioches". A Kellogg inclui no seu portefolio as marcas Frosted Flakes, Froot Loops, Corn Pops e Rice Krispies.
Quando o apresentador do canal televisivo CNBC, Carl Quintanilla, questionou o multimiolionário Gary Pilnick sobre o aumento dos preços na mercearia, este respondeu que a categoria dos cereais "sempre foi bastante acessível e tende a ser uma óptima solução quando os consumidores estão sob pressão". Mais: "Se pensarmos no custo dos cereais para uma família em comparação com o que ela poderia fazer de outra forma, isso será muito mais acessível."
Questionado se poderia ser mal interpretado, visto o aumento do preço dos cereias nos últimos anos, Pilnick reforçou a ideia: "Os cereais ao jantar são provavelmente uma tendência actual, e esperamos que continue, uma vez que o consumidor está sob pressão."
Nas redes sociais, os internautas queixaram-se da inflação e do custo dos cereais, dos lucros das empresas e da "shrinkflation", quando a quantidade de produtos numa embalagem é reduzido, mas o preço permanece o mesmo. Outros lembraram que alimentos açucarados não são os melhores substitutos para uma refeição nutritiva.
O The Guardian dá conta de um utilizador do TikTok que se referiu de forma irónica a um documento da Comissão de Valores Mobiliários norte-americana, de Setembro passado, que mostrava que o dirigente da Kellogg tem um salário base anual de um milhão de dólares e mais de quatro milhões em incentivos. "Acham que ele dá cereais aos filhos ao jantar?", pergunta.
Uma outra utilizadora da mesma rede social, Julie, pergunta num vídeo que já foi visto mais de 2,7 milhões de vezes: "Em que fase do capitalismo estamos?"
Nos EUA, avança o The Washington Post, o custo dos cereais e dos produtos de panificação aumentou 28% desde o início da pandemia. Embora uma parte do aumento esteja relacionada com os custos dos ingredientes, os especialistas do sector afirmam que o combustível, a mão-de-obra e as embalagens são os principais factores de aumento dos preços nos corredores dos snacks e dos cereais.
Mas os americanos continuam a comprar. Os consumidores são "bastante fiéis" às marcas, diz Neil Saunders, director-geral da empresa de análise GlobalData ao The Washington Post. "Se os preços sobem um pouco, o consumidor não muda realmente de hábitos. Por isso, o fabricante sente-se autorizado para repercutir um pouco mais esse aumento", conclui.