Lucros da EDP Renováveis caíram para 513 milhões em 2023

A empresa de energia renovável viu as receitas caírem em 6%, devido ao menor preço médio de venda, enquanto os custos operacionais aumentaram em 9%, graças a atrasos de projectos solares.

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EDP Renováveis teve lucros recorrentes de 513 milhões em 2023 Manuel Roberto
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A EDP Renováveis (EDPR) registou um resultado líquido recorrente de 513 milhões de euros em 2023, uma queda de 20% relativamente ao ano anterior, anunciou a empresa esta quarta-feira.

Na informação dos resultados de 2023 comunicada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a EDP Renováveis indica ainda que os resultados financeiros ascenderam a 313 milhões de euros no ano passado (-30%), impactados "pela estratégia de rebalanceamento do mix de dívida por moeda, com aumento do euro e redução do dólar, que permitiu a melhoria de resultados de derivados cambiais".

De acordo com a empresa, as receitas caíram 6% para 2.239 milhões de euros, devido ao menor preço médio de venda (-6% face a 2022), que foi parcialmente compensado por um aumento na geração (+4%), impulsionado principalmente pela maior capacidade média em operação (+8%). "Outros rendimentos operacionais incluíram 460 milhões de euros de ganhos com transacções de rotação de activos em Espanha, Polónia e Brasil, num total de 658 MW", acrescenta a EDPR.

Os custos operacionais aumentaram 9% em termos homólogos, informa as empresa, sublinhando que estes foram "impulsionados principalmente pelo aumento de 18% nos outros custos operacionais, que inclui os impostos "clawback" [imposto que visa garantir que não há distorção de preços no mercado grossista da luz] na Europa (106 milhões de euros na Roménia e Polónia), custos com atrasos de projectos solares nos EUA (51 milhões de euros) relacionados com restrições na cadeia de abastecimento entretanto resolvidos e atraso de projectos eólicos na Colômbia (53 milhões de euros)".

Por sua vez, o EBITDA (resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) caiu 15% para 1.835 ME, "penalizado pelos impactos adversos de curto prazo acima mencionados, parcialmente compensados pelos fortes ganhos com rotação de activos".

A produção de energia renovável da EDPR aumentou 4% face ao período homólogo, para 34,6 TWh, evitando 20,4 milhões de toneladas de emissões de CO2, "apesar do impacto negativo dos recursos eólicos abaixo da média de longo prazo, com índice renovável em 94%, representando um desvio negativo de 6%, impactado pelo efeito climático El Niño no desempenho do portefólio eólico da EDPR nos EUA", adianta.

O preço médio de venda recuou para 61 euros/MWh, reflectindo os preços mais baixos do mercado da electricidade, principalmente na Europa, face aos níveis "historicamente elevados" de 2022.

A comparação face ao ano anterior também foi impulsionada pela revisão regulatória em baixa dos preços da electricidade de 2023 para os activos regulados em Espanha, uma revisão com efeitos retroactivos", refere a EDPR, acrescentando que, no Brasil, o preço médio de venda foi afectado pela fase de testes de activos recém-instalados, antes da entrada em vigor dos contratos de aquisição de energia.

Para 2024, 90% da geração esperada de energias renováveis está contratada a longo prazo ou com preços fixados por coberturas, refere a informação enviada à CMVM.

O investimento bruto ascendeu a 4,8 mil milhões de euros em 2023, com 80% do seu investimento operacional na Europa e América do Norte, "reflectindo o crescimento da EDPR com +2,5 GW de acréscimos de capacidade em termos homólogo e 4,4 GW de capacidade renovável em construção a Dezembro de 2023".

Quanto à dívida líquida, aumentou para 5,8 mil milhões de euros, um crescimento que "reflecte o efeito combinado do aumento do investimento no período, o aumento de capital de mil milhões de euros e encaixe de tax equity nos EUA (0,5 mil milhões de euros)".

Apesar dos piores resultados, a EDPR decidiu propor à assembleia geral de accionistas a continuação do programa Scrip Dividend [programa que atribui novas acções aos accionistas] introduzido no ano passado, proporcionando uma opção adicional de remuneração aos accionistas da empresa. Esta proposta será submetida à aprovação da assembleia geral de accionistas em 4 de Abril de 2024, sendo que, se aprovado, o programa deverá ser executado no segundo trimestre de 2024.

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