A Adidas está a lançar um novo lote dos controversos Yeezy nos canais digitais

A empresa alemã de vestuário desportivo procura aumentar os seus lucros através dos stocks parados que resultaram da sua parceria cancelada com o artista Ye.

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Kanye West durante a apresentação da colecção Yeezy na Semana da Moda de Nova Iorque, a 11 de Fevereiro de 2016 Reuters/ANDREW KELLY
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A Adidas AG está a iniciar uma nova ronda de vendas de produtos Yeezy, numa altura em que a empresa alemã de vestuário desportivo procura aumentar os lucros, trabalhando a acumulação de calçado da sua parceria cancelada com o artista Ye.

Em várias fases ao longo das próximas semanas, a Adidas disponibilizará uma gama de produtos inicialmente lançados em 2022 em todo o mundo, de acordo com um comunicado divulgado nesta segunda-feira. As ofertas incluirão alguns dos designs Yeezy mais populares, incluindo o ténis 350 V2 em cinzento aço, que no site em Portugal se encontram prontas a ser requisitadas (mas a compra está sujeita a sorteio, com inscrições até quinta-feira).

Ao contrário da venda bem-sucedida de modelos Yeezy no final do Verão do ano passado, a Adidas desta vez só oferecerá os produtos através das suas plataformas digitais, excluindo alguns parceiros de retalho.

A Adidas terminou a sua colaboração com Ye, o rapper e designer anteriormente conhecido como Kanye West, em Outubro de 2022, após uma série de comentários anti-semitas e desequilibrados. A empresa foi amplamente condenada na época por parecer demorar muito para pôr um ponto final no acordo.

Em Novembro, a Adidas afirmou que já tinha arrecadado cerca de 750 milhões de euros em vendas de dois lançamentos de produtos Yeezy desde Maio do ano passado. Isso ajudou-a a trabalhar com cerca de 40% do inventário Yeezy armazenado em vários locais em todo o mundo.

A procura mantém-se

No início deste mês, a Adidas disse que vai vender 250 milhões de euros dos restantes produtos Yeezy, a preço de custo, em vez de os anular. Isso poderia ajudar a empresa a superar sua previsão inicial de lucros para o ano, que decepcionou os investidores.

“Ainda há procura da silhueta Yeezy no mercado”, afirmou John Kernan, analista da Cowen, numa entrevista telefónica na semana passada. “Essa marca estava a gerar uma enorme percentagem do seu lucro operacional global durante vários anos”.

Desde que assumiu o cargo de director executivo da Adidas no ano passado, Bjorn Gulden elogiou repetidamente a empresa pela forma como construiu o franchise Yeezy, um nível de sucesso que a indústria não tinha visto desde que a Nike Inc. criou a sua linha de produtos com o grande jogador de basquetebol Michael Jordan.

Embora Gulden fosse director executivo da rival Puma SE durante os anos Yeezy da Adidas, e não estivesse envolvido na forma como a empresa lidou com a situação, desde então tem-se pronunciado regularmente sobre a colaboração, o que leva frequentemente a especulações sobre os seus motivos.

Em Setembro, o CEO pediu desculpa pelos comentários que fez num podcast, no qual questionava se Ye tinha realmente sentido o que disse nas declarações anti-semitas. E Gulden foi mesmo fotografado ao lado do artista no início deste mês à volta do Super Bowl da NFL em Las Vegas.


Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post
Tradução: Carla B. Ribeiro

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