Após anos de queixas, estrada de acesso ao Bom Jesus de Braga será requalificada

Arruamento está cada vez mais degradado e as obras de conservação, a cargo da IP, só devem arrancar em Abril. O número de viagens no elevador do santuário tem aumentado.

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Se as condições meteorológicas forem favoráveis, as obras podem avançar em Março ou em Abril Paulo Pimenta/Arquivo
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Mais de quatro anos depois de sucessivas queixas, a estrada de acesso ao Bom Jesus de Braga vai ser requalificada pela Infra-estruturas de Portugal (IP) a partir de Abril ou de Março, caso o clima o permita. A via de acesso, sobretudo nos dois quilómetros que separam a estação do Elevador do Bom Jesus e o Largo Mãe de Água, está cada vez mais degradada, com buracos provocados pelo desgaste do alcatrão, que têm destapado os paralelepípedos que antes revestiam a estrada.

Ao PÚBLICO, Varico Pereira, vice-presidente da Confraria do Bom Jesus do Monte, diz que a degradação do piso da estrada até chegar ao topo, onde se situa o santuário, “faz com que os automóveis e os autocarros andem aos ziguezagues, a fugir dos buracos, e a circular, muitas vezes, pelo meio da via”. O responsável refere que a camada de asfalto que cobre a estrada, colocada “há mais de 20 anos”, está a levantar-se e a expor o antigo piso de paralelepípedos, motivando queixas diárias por parte de locais e turistas à confraria, ainda que a tutela da conservação da estrada seja da IP.

Nos últimos anos, têm-se agravado as condições de segurança, porque é “perigoso circular ali”, e a própria reputação do santuário está a ficar afectada devido a uma estrada inserida num espaço de 27 hectares classificado pela UNESCO, desde 2019, como património cultural mundial. “Estamos perante um lugar que é património da humanidade e aquela estrada não tem nada que ver com o que as pessoas vão encontrar a seguir. É preciso saber cuidar do património.”

As reivindicações da Confraria do Bom Jesus do Monte e da União de Freguesias de Nogueiró e Tenões, que duram há pelo menos quatro anos, foram ouvidas pela IP há cerca de ano e meio e a empresa estatal avançou para a melhoria da sinalética e das valetas, uma vez que a “água que escorre pela montanha abaixo também ajuda a danificar a estrada”. Quanto à estrada de acesso, a IP anunciou, em resposta ao PÚBLICO, que está prevista uma “intervenção na EN103-3 (Estrada do Bom Jesus) ao nível da conservação funcional do pavimento”, podendo a mesma ocorrer a partir de Abril ou já em Março, “caso venham a ocorrer condições meteorológicas compatíveis com trabalhos de pavimentação”.

A IP adianta que a intervenção decorrerá ao longo de quatro quilómetros e, de forma mais “crítica”, em 2,7 quilómetros. A obra de repavimentação durará cerca de um mês e meio e obrigará a um corte da via da Estrada do Bom Jesus por 15 dias, sendo o desvio para se chegar ao santuário feito a partir da Estrada do Sameiro, a sul do Bom Jesus do Monte.

Elevador afirma-se como alternativa

A degradação da estrada de acesso ao santuário tem contribuído, nos últimos anos, para o aumento do uso do Elevador do Bom Jesus do Monte, inaugurado em 1882 e conhecido por ser o primeiro funicular a ser construído na Península Ibérica.

Em 2023, o santuário bateu o recorde de visitantes num ano, recebendo dois milhões de pessoas, o que supeoru os 1,5 milhões registados em 2019 e em 2022. De acordo com Varico Pereira, o aumento da procura - 60% dos visitantes chegaram ao santuário no período de Verão - deveu-se à realização da Jornada Mundial da Juventude, em Agosto, em Lisboa, que transformou o Bom Jesus num dos “epicentros do pré e pós-jornada”, com o acolhimento de “milhares de jovens”, além da própria inscrição como património cultural mundial, que tem aumentado a “notoriedade internacional” do santuário.

Dos dois milhões de visitantes, 400 mil utilizaram o Elevador do Bom Jesus para chegarem ao santuário. “Temos promovido cada vez mais subidas no elevador para que as pessoas possam evitar aquela estrada”, refere Varico Pereira.

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