Dois mortos na repressão dos protestos contra o adiamento das eleições no Senegal

Um vendedor ambulante morreu este sábado em Dacar, depois de um estudante ter sido morto em Saint-Louis na sexta-feira. Macky Sall garante que não se quer manter no poder.

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Danos provocados pelos protestos em Dacar JEROME FAVRE/EPA
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A raiva das ruas contra a decisão de adiar as eleições senegalesas de 25 de Fevereiro para 15 de Dezembro teve esta sexta-feira e sábado novas jornadas de protestos que resultaram em duas mortes: um estudante foi morto em Saint-Louis, no Noroeste do Senegal, na sexta-feira, enquanto um vendedor ambulante morreu este sábado, não resistindo aos ferimentos causados por um tiro no abdómen.

O Presidente Macky Sall, entretanto, justificou este sábado a sua decisão numa entrevista à Associated Press, garantindo que não está agarrado ao poder e pretende, com a sua decisão, assegurar apenas uma transição tranquila para o seu sucessor. “Não procuro outra coisa que não seja deixar um país estável e em paz”, disse o chefe de Estado senegalês. “Estou completamente pronto para passar o bastão. Sempre estive preparado para o fazer”, acrescentou.

Mas se essa foi a intenção de Sall, aquilo que conseguiu até agora foi precisamente o contrário, ao acender um rastilho de protestos que explodiu nas ruas e tem sido fortemente reprimido pelas forças de segurança.

“Manifestações pacíficas em inúmeras cidades foram recebidas com uma repressão brutal inaceitável”, escreveu no X (antigo Twitter) o candidato presidencial Thierno Alassane Sall, um antigo companheiro do Presidente, de quem se afastou. “Presto homenagem ao jovem Alpha Tounkara, estudante na UGB [Universidade Gaston Berger] de Saint-Louis, que perdeu a vida nestes acontecimentos. O seu nome junta-se à longa lista de jovens mortos durante as manifestações e cujas causas exactas da morte continuam por elucidar.”

O Ministério do Interior senegalês disse, entretanto, que está a investigar a morte do estudante, mas nega qualquer envolvimento das suas forças. “As Forças de Defesa e Segurança não intervieram para manter a ordem no campus da universidade onde a morte ocorreu”, referiu em comunicado.

Entretanto, o morto deste sábado no bairro de Colobane, em Dacar, noticiado pela AFP, foi identificado como Modou Guèye, de 23 anos, que não resistiu aos ferimentos provocados por uma bala que lhe atingiu o abdómen, de acordo com o irmão e o cunhado.

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