Quem ganhou e quem perdeu nas eleições dos Açores

Os eleitores açorianos votaram pela continuidade do governo de coligação PSD/CDS/PPM, porém, não deram a José Manuel Bolieiro a pretendida maioria absoluta.

Foto
José Manuel Bolieiro e Luís Montenegro Rui Gaudêncio
Ouça este artigo
00:00
04:10

Vencedores

José Manuel Bolieiro
O líder do PSD-Açores e actual presidente do governo regional é o principal rosto destas eleições açorianas. Depois de ver o seu executivo derrubado com o chumbo do Orçamento para 2024, Bolieiro vence de forma inequívoca umas eleições muito participadas (comparando com outros actos eleitorais na região), em que o voto útil na coligação com o CDS e o PPM se lê como uma opção pela estabilidade (a AD teve 42,1%, acima dos 39,1% que o PS obteve em 2020).

Bolieiro garante ainda a primeira vitória do PSD nos Açores desde Mota Amaral, em 1992, porém fica o amargo de boca de não alcançar a maioria absoluta, cenário só possível através de um acordo com o Chega (que exige integrar o executivo). No discurso de vitória, o social-democrata assegurou que governará com "maioria relativa" e prometeu, num recado claramente dirigido ao Chega, não ceder a chantagens — deste modo, um governo de Bolieiro deverá ficar dependente da viabilização pelo PS.

Luís Montenegro
Fez questão de fazer campanha nos Açores — mesmo que sem a companhia de Bolieiro — e de, tal como nas regionais da Madeira realizadas em Setembro último, estar no arquipélago junto ao líder do PSD-Açores para dar a cara pelo resultado: fosse bom, menos bom ou mau. Com este resultado da coligação PSD/CDS/PPM, o presidente do PSD garante o seu quinhão da vitória eleitoral. Com Bolieiro a afastar qualquer possibilidade de entendimento com o Chega, Luís Montenegro fica em melhores condições para reiterar o "não é não" ao partido de André Ventura e impedir que o fantasma de uma coligação da AD com o Chega assombre a campanha para as legislativas de Março.

Foto
José Manuel Bolieiro, líder da coligação PSD/CDS-PP/PPM, no poder nos Açores desde 2020, disse que irá governar com "uma maioria relativa" Rui Gaudêncio

André Ventura
O Chega reforçou a votação e o número de mandatos nos Açores após uma campanha eleitoral em que o presidente do Chega se empenhou com bastante presença no arquipélago. O partido de André Ventura é o que mais cresce face às eleições regionais de 2020 (o PSD concorreu coligado), quase duplicando a percentagem (passou de 5% para 9,19% e de eleger dois deputados para garantir cinco mandatos). Ventura proclamou em tom de vitória que o Chega será "decisivo para a governação dos Açores", mas tudo indica que o bom resultado não terá o efeito pretendido.

Vencidos

Vasco Cordeiro
O líder do PS-Açores e ex-presidente do executivo regional não só não venceu estas eleições (desde 1996, os socialistas foram sempre o partido vencedor) como perdeu representação parlamentar (23 deputados face aos 25 eleitos em 2020). Além disso, Vasco Cordeiro terá agora uma difícil tarefa em mãos: viabiliza um governo minoritário da AD ou arrisca abrir caminho a uma solução governativa da direita, só possível com o Chega.

Pedro Nuno Santos
Passou o tempo a falar da ameaça de o Chega integrar um governo nos Açores com a coligação protagonizada por Bolieiro, estratégia que não colheu, mas que é extensível à que o PS já vem ensaiando para as próximas eleições gerais de Março (e à que usou nas legislativas nacionais de 2022) — a AD venceu as eleições e o Chega foi o único partido a crescer. Por outro lado, o secretário-geral do PS deu a cara pelo partido junto de Vasco Cordeiro. Pedro Nuno Santos regista assim uma dupla derrota.

Foto
Pedro Nuno Santos, líder do PS, viu o PS perder as eleições regionais dos Açores pela primeira vez em 28 anos Rui Gaudêncio

Paulo Raimundo
Tal como em 2020, a CDU volta a não eleger nenhum deputado ao parlamento açoriano, diminuindo mesmo a percentagem comparativamente com as últimas eleições regionais. Neste teste eleitoral para o secretário-geral do PCP, que estava convicto de que a CDU elegeria pelo menos um deputado, Paulo Raimundo recebe nota negativa.

Mariana Mortágua
Depois de em 2020 ter ficado perto dos 4% e de ter elegido dois deputados ao parlamento açoriano, o Bloco de Esquerda cai tanto em percentagem de votos como em mandatos (elegeu somente um deputado). Esta acaba por ser uma derrota para a coordenadora bloquista, na medida em que o partido perde peso eleitoral nos Açores e reduz a capacidade de influência no arquipélago, além de que o resultado não permite ao partido ganhar balanço para as legislativas de 10 de Março.

Rui Rocha
A Iniciativa Liberal desempenhou um papel decisivo para derrubar o executivo de José Manuel Bolieiro. O partido liderado por Rui Rocha até conseguiu reforçar ligeiramente a votação (passou de 1,93% para 2,15%), porém, falhou o objectivo de aumentar a representação parlamentar e de ser determinante para a AD chegar à maioria absoluta.

Sugerir correcção
Ler 25 comentários