Morreu Aston “Family Man” Barrett, baixista dos Wailers de Bob Marley

Icónico baixista jamaicano foi um dos pilares da banda de Stir it up, I shot the sheriff, No woman no cry, Three little birds ou Get up, stand up.

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Aston "Family Man" Barrett em Londres, 2015 C Brandon/getty images
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Morreu o baixista Aston Barrett, um dos músicos mais célebres da Jamaica e co-responsável pela afirmação internacional do reggae — muitos músicos atravessaram a porta giratória dos míticos Wailers, mas ele foi uma das presenças mais estáveis do grupo, juntamente com o seu líder e membro mais ilustre, Bob Marley. Tinha 77 anos. A notícia foi confirmada no sábado pelo filho, Aston Barrett Jr., que interpretará o pai no futuro biopic Bob Marley: One Love, que se estreia nos cinemas portugueses já no próximo dia 15.

O seu papel patriarcal como uma das bases dos Wailers valeu-lhe a alcunha “Family Man” (“Homem de Família”). Ele ainda se autoproclamou “arquitecto do reggae”. “A bateria é o batimento cardíaco e o baixo a espinha dorsal. Se ele não estiver bem, a música vai andar sempre corcunda”, disse uma vez numa entrevista que a Rolling Stone agora recupera. A secção rítmica dos Wailers era composta por Aston Barrett e pelo seu irmão Carlton, importante baterista que em 1987, aos 36 anos, foi alvejado fatalmente à porta de casa.

Em 2020, a Rolling Stone colocou-o no top 30 da sua lista dos 50 melhores baixistas de todos os tempos (em 28.º lugar). “Deveria estar em primeiro lugar. Ele foi quem começou tudo”, disse à revista norte-americana Robbie Shakespeare, baixista icónico que beneficiou da tutoria de Aston Barrett antes de formar o duo Sly & Robbie com o baterista Sly Dunbar. “As pessoas pensam que ele tocou na Concrete jungle [faixa de abertura do lendário disco dos Wailers Catch a Fire, de 1973], mas fui eu. Sucede que eu estava simplesmente a tocar num estilo idêntico. Mas o Family Man é quem me deu um pontapé no rabo, quem me disse para sair do sofá e fazer isto [tocar baixo e fazer música].”

Aston Barrett tanto tocou em Catch a Fire (ou na maioria deste disco) como em outros álbuns fundamentais dos Wailers, como Burnin’ (1973), Natty Dread (1974), o especialmente aclamado Exodus (1977), Kaya (1978) ou Uprising (1980). É ele quem cimenta o groove de músicas clássicas como Stir it up, I shot the sheriff, No woman no cry, Could you be love, Three little birds ou Get up, stand up. Barrett também colaborou em Marcus Garvey (1975), de Burning Spear, ou em discos a solo de destacados membros fundadores dos Wailers — Legalize It (1976), de Peter Tosh, ou Blackheart Man (1976), de Bunny Wailer.

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