Recolhidas 27 mil toneladas de resíduos eléctricos. Mas faltam 100 mil toneladas

Electrão recolheu mais 16% de equipamentos eléctricos do que em 2022. Mas os resultados continuam a não ser suficientes para o cumprimento das metas europeias, diz a associação.

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Muitos equipamentos electrónicos sem uso estarão esquecidos nas gavetas e acumulados em garagens, sótãos e arrecadações Eloisa Lopez
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A associação Electrão recolheu no ano passado 27 mil toneladas de equipamentos eléctricos, mais 16% do que em 2022, mas questiona onde andam as 100 mil toneladas anuais por reciclar. Os números fazem parte de um balanço divulgado nesta quinta-feira pela associação de gestão de resíduos, responsável por três dos principais sistemas de recolha e reciclagem, embalagens, pilhas e equipamentos eléctricos usados.

A recolha no ano passado atingiu novo recorde, mais 67% do que em 2021, com a reutilização de equipamentos eléctricos a aumentar mais de 100%. A Electrão diz que os bons resultados se devem ao empenho dos parceiros e ao alargamento dos locais de recolha e dos serviços ao cidadão, havendo já 11.500 pontos de recolha no país.

Mas os resultados, adianta a associação em comunicado, não são suficientes para o cumprimento das metas europeias, perguntando mesmo onde param as 100 mil toneladas de equipamentos eléctricos produzidos anualmente.

E explica: estima-se que se vende em Portugal, todos os anos, 245 mil toneladas de equipamentos eléctricos, com 60% deles com o objectivo de substituir outros, que vão originar resíduos. O que significa que se produzem anualmente 147 toneladas de resíduos. Se no ano passado só foram recolhidas 46 mil toneladas (destas, 27 mil pela Electrão), faltam cerca de 100 mil.

Noutras contas, a produção de resíduos eléctricos e electrónicos ronda os 14,5 quilogramas per capita mas só foram recolhidos 4,5 quilos, pelo que cada português tem 10 quilos de resíduos, que deviam estar a ser recolhidos e tratados.

A associação diz que muitos equipamentos estarão esquecidos nas gavetas e acumulados em garagens, sótãos e arrecadações. E cita um estudo segundo o qual existem, em média, 74 equipamentos eléctricos nas casas europeias.

E salienta ainda outro problema, o do mercado paralelo, como explica, citado no comunicado, o director-geral da associação, Ricardo Furtado: "O problema essencial reside nos milhares de toneladas que são desviados, todos os anos, do circuito formal da reciclagem para o mercado paralelo. Esta prática implica graves prejuízos para a saúde pública e para o ambiente, já que estes aparelhos são tratados sem que seja acautelada a sua descontaminação".

A associação Electrão recorda que oferece na região de Lisboa um serviço de recolha porta-a-porta para grandes electrodomésticos, que facilita a vida ao cidadão e ajuda a combater o mercado paralelo.

E ainda sobre o balanço do ano passado diz que entre os equipamentos eléctricos mais reciclados estão os grandes electrodomésticos, como máquinas de lavar e secar roupa.

Em segundo lugar, os equipamentos de regulação de temperatura, como frigoríficos, arcas congeladoras e radiadores, e depois os pequenos aparelhos eléctricos, como torradeiras e ferros de engomar, e ainda os equipamentos de informática e telecomunicações. Monitores e televisores, tal como as lâmpadas, representam uma minoria.

A associação tem como principal missão assegurar a reciclagem dos resíduos recolhidos, contribuindo para a minimização do impacto ambiental e para um reaproveitamento dos materiais que os constituem, promovendo a economia circular.

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