Champions feminina: Benfica teve de esperar, mas entrou para a história

“Encarnadas” são a primeira equipa portuguesa a chegar aos quartos-de-final da Liga dos Campeões feminina. Empate na Suécia não foi suficiente, mas o Barcelona deu uma ajuda.

Foto
Jéssica Silva marcou o primeiro golo do Benfica EPA/Johan Nilsson
Ouça este artigo
00:00
03:57

Foi apenas uma questão de horas. A equipa de futebol feminino do Benfica entrou mesmo para a história como a primeira de Portugal a chegar aos quartos-de-final da Liga dos Campeões feminina. Esse lugar na história ficou em “stand by” durante um par de horas, depois do empate (2-2) na Suécia frente ao Rosengard, mas o Barcelona deu uma ajuda, ao derrotar por 2-0, no outro jogo do agrupamento, o Eintracht Frankfurt, a única equipa que ainda podia roubar o apuramento às “encarnadas”. Ainda com uma jornada por disputar, o Benfica já está seguro no segundo lugar do agrupamento, com oito pontos, atrás das catalãs, actuais campeãs da Europa (15 p.) e à frente das alemãs (4 p.) e das suecas (1 p.).

Este é um apuramento inédito, não apenas para o Benfica, mas para todo o futebol português, e um testemunho da evolução do futebol feminino em Portugal, do qual a formação benfiquista tem sido um dos principais catalisadores. Para a formação orientada por Filipa Patão, é uma progressão tremenda depois de duas épocas em que se ficou pela fase de grupos e bem longe das duas equipas apuradas. Desta vez, com a excepção do trauma na Catalunha com uma goleada sofrida de 5-0, as “encarnadas” conseguiram ganhar um jogo e empatar outro com as campeãs suecas, fazendo o mesmo com as terceiras classificadas da liga alemã – e tanto Alemanha como Suécia são potências históricas no futebol feminino.

Enquanto a competição se chamou “Women’s Cup” (entre 2001 e 2009), nenhuma equipa portuguesa passou da fase preliminar. O 1.º de Dezembro esteve várias vezes perto e, como dominador do campeonato português, também disputou as rondas de qualificação para a Liga dos Campeões – nunca passou, acontecendo o mesmo a outros campeões, como o Ouriense, o Futebol Benfica e o Sporting. Em 2019-20, o Sp. Braga ultrapassou a fase preliminar, mas caiu logo na primeira eliminatória (7-0 e 0-0 com o PSG).

Na época seguinte, o Benfica também passou a fase preliminar, mas também não foi além da primeira ronda (derrotas por 5-0 e 3-0 com o Chelsea). Nas duas temporadas seguintes, as “encarnadas” ultrapassaram sempre as rondar preliminares e ganharam acesso à fase de grupos – na primeira participação, fizeram quatro pontos, na segunda chegaram aos seis e, na terceira, já vão em oito, ainda com um jogo por disputar.

Em espera

Em Malmo, as benfiquistas só dependiam de si próprias para garantir o lugar na história e tinham muita coisa a seu favor – o seu histórico com o Rosengard era-lhe 100% favorável, com três vitórias em três jogos, e esta era uma equipa que não tinha competição há mais de um mês. Mas este quarto confronto com as suecas começou a correr mal muito cedo. As suecas colocaram-se na frente do marcador, aos 13', por Olivia Schough, num belo pontapé de fora da área - a bola fez uma trajectória em arco e não deu hipóteses à guarda-redes Lena Pauels.

O Benfica passou um mau bocado durante quase toda a primeira parte, mas conseguiu equilibrar nos minutos finais antes do intervalo e manteve essa toada no início do segundo tempo. A reviravolta acabaria por não tardar, com dois golos em cinco minutos. Primeiro foi Jéssica Silva aos 52', numa recarga certeira após bola na trave de Andreia Faria. Depois, aos 57', a internacional canadiana Marie Alidou aproveitou uma falha de comunicação entre Emma Jansson e a guarda-redes Mukasa para colocar o Benfica na frente.

Em busca dos seus primeiros pontos nesta Champions, as suecas carregaram e acabariam mesmo por nivelar o marcador aos 82' por intermédio da japonesa Mai Kowadaki. As “encarnadas” conseguiram limitar os estragos e seguraram o empate até ao final. Iam ter de esperar pelo que se iria passar na Catalunha. E, como se provou pelo desfecho, apostar numa vitória da equipa feminina do Barcelona (provavelmente a melhor da actualidade, ao contrário da dos homens) é dinheiro em caixa.

Notícia actualizada às 21h58: vitória do Barcelona apura Benfica para os quartos-de-final

Sugerir correcção
Ler 3 comentários