Ana Gomes acusa Mário Ferreira de ser “testa-de-ferro” em branqueamento de capitais

Ana Gomes nega ter relacionado o empresário com tráfico de droga num tweet publicado em 2021. Julgamento por crime de difamação começou nesta segunda-feira, no Tribunal do Bolhão, no Porto.

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Ana Gomes também acusou o empresário Mário Ferreira de a "perseguir judicialmente" Rui Gaudêncio
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A ex-eurodeputada Ana Gomes acusou esta segunda-feira Mário Ferreira de ser um "testa-de-ferro" de investidores para branqueamento de capitais, mas negou em tribunal querer ligar o empresário ao tráfico de droga numa publicação que fez numa rede social em 2021.

Ana Gomes, que começou a manhã a ser julgada no Tribunal do Bolhão, no Porto, por um crime de difamação, durante o seu depoimento acusou Mário Ferreira de ser "testa-de-ferro de investidores estrangeiros" para branquear capitais em Portugal, nomeadamente através, segundo a própria, de investimentos em áreas que dão prejuízo, como a comunicação social ou a aviação.

Em 2021, a 14 de Março, a também ex-candidata a Presidente da República publicou na sua página da rede social Twitter, hoje denominada X, um comentário alusivo a uma notícia do jornal Expresso sobre o investimento de Mário Ferreira numa empresa de aviação, afirmando que o empresário do Porto pretendia "emular" a OMNI Aviação e Tecnologia, companhia que viu ser apreendidos 600 quilos de cocaína na fuselagem de um Falcon proveniente do Brasil.

"Não tinha, nem tenho, qualquer informação de que haja ligação ao tráfico de droga por parte de Mário Ferreira, ao branqueamento de capitais, sim. Eu estou convencida de que ele [Mário Ferreira] é um testa-de-ferro de investidores estrangeiros para o branqueamento de capitais", afirmou Ana Gomes.

Segundo a ex-eurodeputada, que negou ter "questões pessoais" contra Mário Ferreira, considerou que este é um "embusteiro que é um testa-de-ferro e que tem muito dinheiro para branquear, e faz investimentos em sectores que não dão lucro".

Ana Gomes salientou que, com a sua publicação, "não tinha qualquer intenção" de ligar Mário Ferreira ao tráfico de droga, mas sim "chamar a atenção para a utilização de voos e aeródromos privados e empresas de aviação privada" para o branqueamento de capitais, tráfico de seres humanos, pedras preciosas, entre outros crimes.

A ex-eurodeputada acusou também o empresário de a "perseguir judicialmente", lembrando que este é o quarto processo que Mário Ferreira intenta contra ela.

A depor depois de Ana Gomes, Mário Ferreira negou estar envolvido no tráfico de droga ou em branqueamento de capitais, e disse sentir uma "grande amargura e revolta" com a publicação da ex-eurodeputada, devolvendo as acusações de perseguição.

"Temos [Mário Ferreira e Ana Gomes] 10 anos de perseguição em que ela não tem tido qualquer tipo de pudores, tenta denegrir o meu nome (...) Isto para ela é uma diversão", acusou.

Mário Ferreira explicou que está ligado à aviação desde 2000 e não desde 2021, como, disse, Ana Gomes quer fazer entender, pelo que não investiu em nenhuma empresa sem possibilidade de lucro nem com qualquer "outro objectivo" que não o declarado, neste caso, operar na área da aviação com um aparelho que fazia voos na Europa.

"Ela descontextualiza, ela mente descaradamente para fazer o enquadramento que lhe dá jeito (...) usando factos que serão susceptíveis de novo processo", indicou o empresário.

Em Setembro, a antiga eurodeputada foi condenada a pagar uma multa de 2.800 euros e uma indemnização de 8.000 euros ao empresário Mário Ferreira por o ter apelidado de "escroque", também num tweet.

O julgamento prossegue da parte da tarde com a continuação da audição de Mário Ferreira.

Texto corrigido às 11h10 desta quarta-feira. Ao contrário do que o artigo da Lusa indicava, não foram apreendidas 500 toneladas de cocaína num Falcon mas sim 600 quilos.

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