Respostas sociais: perspectiva pessimista na saúde e na redução do risco de pobreza

Inquérito de centro de estudos da Universidade Católica avaliou percepção de um painel de 100 representantes concelhios, de paróquias, de organizações da sociedade civil e de investigadores.

Foto
Apoio à população idosa mais desfavorecida e o apoio à família foram duas das temáticas avaliadas Nelson Garrido (arquivo)
Ouça este artigo
00:00
04:08

É pessimista a percepção que resulta de um painel de 100 representantes concelhios, de paróquias, de organizações da sociedade civil e de investigadores em relação à qualidade das respostas dos sistemas de saúde e na redução do risco de pobreza.

A este painel foi pedido que classificasse, de uma escala de zero - se considerasse a situação muito má - a 20 pontos - se considerasse a situação óptima –, dez temáticas relacionadas com o cuidar e que evolução considerariam que teriam nos seis meses seguintes (para melhor, pior ou igual).

Em termos globais, o Index prevê que exista um declínio dos 10,58 pontos registados em Outubro de 2023 para 8,96 pontos, em Março de 2024. Essa percepção de degradação é mais visível na saúde, cuja estimativa de pontos para Março é de seis quando em Outubro era de 9,4. Mas existem também preocupações que se reflectem nas pontuações do combate ao risco de pobreza, que passou de 10,4 para sete pontos, e no apoio à população sénior mais desfavorecida que tinha 10,3 pontos e em Março a perspectiva é de 8,2.

Este Index da Sociedade do Cuidado é uma iniciativa do Centro de Estudos de Povos e Culturas de Expressão Portuguesa (CEPCEP), da Universidade Católica. O grande objectivo futuro “é a sensibilização para os decisores tomarem políticas sobre os temas e poderem existir outros estudos para propostas de melhorias”, diz ao PÚBLICO José Sousa Fialho, investigador principal deste indicador o investigador principal deste indicador.

Em cima da mesa estão as temáticas do combate ao risco de pobreza, apoio à população sénior mais desfavorecida, apoio à família, reforço da coesão social, inclusão social, promoção da equidade, qualidade das respostas sociais, qualidade das respostas do sistema de saúde para pessoas de menor rendimento, combate à violência doméstica e igualdade de género.

O painel, explica o investigador, é construído “por representantes – normalmente vereadores da área social - de 20 concelhos com indicadores mais negativos e 20 em melhor situação”. Contaram para esta selecção, por exemplo, o índice de envelhecimento, do poder compra, o número de habitantes por médico ou o número de diplomados. Para a selecção dos concelhos, “usamos indicadores da Pordata e de outras entidades – alguns da OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico]”.

Fazem parte ainda representantes de 40 paróquias, de dez organizações não governamentais e dez investigadores ligados
à Universidade Católica e a outras que se dedicam a estas problemáticas. Um grupo que deverá “ser fixo” para permitir traçar uma evolução da situação nacional. “A intenção é que o Index seja semestral e que com uma série mais longa [de resultados] possa permitir projecções a mais longo prazo”, diz.

Entre as temáticas avaliadas, só quatro conseguem uma pontuação positiva: promoção da igualdade de género (11,4 pontos), apoio ao combate à violência doméstica (11), qualidade das respostas sociais (10) e apoio à família (10).

“A perspectiva é que a situação vai piorar. A saúde é a temática que atinge o valor mais baixo para Março”, reforça o investigador, para salientar as temáticas que mostram melhores resultados. “A igualdade de género está positiva, assim como a luta contra a violência doméstica. Na questão da igualdade de género, é interessante porque temos um projecto em curso, que inclui várias universidades, sobre igualdade de género em cargos de gestão de empresas e de órgãos públicos e verificamos que em geral esta problemática tem registado uma melhoria.”

Em termos regionais – o Index ainda não contempla informação da Madeira - também existem diferenças. De forma global, o Algarve e os Açores registaram, em Outubro, as pontuações mais baixas: 8,99 e 9,3, respectivamente. E na valoração das temáticas existem igualmente desigualdades nas percepções.

Por exemplo, na qualidade das respostas dos sistemas de saúde o Algarve e as regiões de Lisboa e do Porto apresentam uma pontuação abaixo dos dez quando as restantes têm nota positiva. Na questão da maior inclusão social também existem diferenças sobre tudo entre o Algarve e os Açores, com pontuações mais baixas, em relação às restantes regiões.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários